segunda-feira, 13 de abril de 2020

Escola em tempos de pandemia

Estou vendo posts em redes sociais que criticam as escolas por se adequarem aos novos moldes virtuais em períodos de quarentena. Algumas escolas estão buscando se adaptar ao modelo EAD para que seus alunos não se prejudiquem. Os professores estão estudando e se aprimorando para dar aos alunos o melhor em tempos de contensão. 
Li que as escolas estão fingindo que ensinam. Não sei se preparar estudos dirigidos, gravar explicações, solicitar retorno de acordo com o que foi passado é tudo fingimento. Tenho dúvidas sobre isso. Professores com quem trabalho estão a todo vapor estudando e adaptando formas de transmitir conhecimento. Hoje mesmo, eu tive um encontro com meus alunos, enquanto eu explica, percebi a mesma dinâmica da sala de aula, uma aluna pergunta, outra faz comentário pertinente, e tem aqueles que sempre brincam. Não notei comportamento diferente do que tenho nas aulas presenciais.
Não sei se os pais estão percebendo como o processo pedagógico é complexo, e que aprendizado não é apenas ler ou ver isso, ou aquilo. Educação é mais que transmitir uma informação (por isso há faculdade para formar professores), educar é pensar como os educandos podem PERCEBER (não receber) o conhecimento, como podem refletir dentro de um mundo tão virtual, onde o fake se mistura com o real, ter a gana de investigar, questionar, interpretar. Educar é despertar no ser humano o gosto pela nossa mais impar habilidade, o pensamento.
Ainda ontem, eu li um outro post que vinha cheio de informações sobre o governo de D. Pedro II, e ao final dizia: "aposto que isso, o seu professor de história não te ensinou". Sinceramente, não sei que professor de história (de alunos do 8º ano do fundamental II e do 2º ano do ensino médio) não ensine sobre o governo de Pedro II (golpe da maioridade, guerra dos farrapos, guerra do Paraguai, parlamentarismo as avessas, leis e políticas abolicionistas, o espírito ilustrado do imperador e sua filha)? 
Este post me leva a pensar: Essa pessoa que postou isto, não prestou atenção em suas aulas no período escolar, e hoje, devido a rapidez de informação, conseguiu os dados que lhe interessaram e jogou na Rede. Outras pessoas, que terminaram a escola no mesmo espírito desinteressado, vão ler, (e como memória é seletiva) vão dizer que não aprenderam nada na escola (e que a culpa é do professor), e vão "retuitar" esse desrespeito aos profissionais que são os únicos responsáveis por, mais que dar uma informação, fazer questionar e refletir sobre o que se lê.
Curiosa essa nação brasileira que tanto elogia os países estrangeiros que valorizam seus professores, mas que critica os de sua pátria. Que não prestam atenção nas aulas, que não fazem lição de casa, que não vêm com a matéria estudada para aula. Acho que vivemos em uma era de possibilidade de cuspir informações, não preciso pagar um livreiro, ou trabalhar no jornal para escrever, basta escrever. Assim fica fácil dizer o que se pensa. E em uma geração que não reflete a informação (pois a preguiça é maior que o desejo de conhecer), qualquer informação se torna verdade, qualquer um se arvora em se considerar professor.
Espero que nesses tempos de pandemia, os leigos da pedagogia e docência valorizem mais os professores. Um professor é aquele que faz mais que estudar, mas como se expressou Sto. Agostinho, um professor é aquele que se coloca como alguém que ensina à medida que aprende e aprende à medida que ensina.