sábado, 29 de abril de 2017

O que foi a democracia na História

Democracia é um conhecido sistema político no qual o poder emana do povo. Esse modelo é dado como tendo seu início na Grécia no século VI a.C. Mas a democracia grega possui inúmeros pontos que seriam considerados antidemocráticos,o historiador Childe afirma que apenas 10% da população da Atenas democrática tinha dos direitos de cidadania, mulheres, estrangeiros, escravos e menores de 20 anos.
A democracia terá um upgrade para a forma como conhecemos hoje com os movimentos burgueses, iluministas e socialistas no decorrer da história. Já na Baixa Idade Média, os ingleses, por séculos, promoveram grandes avanços para a democracia. A Carta Magna (1215), a Petição dos direitos (1628) e a Declaração dos Direitos (1689) foram documentos que pouco a pouco limitava o poder de um soberano sobre todos, e diluia esse poder na maioria, inicialmente, claro, isto era um benefício de classes com o poder financeiro que crescia enquanto o feudalismo decaia. Mas a maior parte da população, o campesinato continuava alijada das decisões. Documentos semelhantes a este, que davam a uma classe mercantil o poder, se espalhavam pela Europa; as cartas de franquia, essas eram acordos entre burgueses e reis que passava-se a autoridade de uma classe burguesa de determinada cidade, reunida em assembléia que criava leis.
Durante a Reforma Protestante, essas cartas de franquia serviram de base para afastar o controle da Igreja Católica das cidades que assim desejassem. Um exemplo disto são os principados alemães que aderiram ao luteranismo e alguns cantões suíços como exemplo de Genebra que aderiu ao calvinismo.
Mais tarde, no século XVIII, os pensadores iluministas, trouxeram mais força para o conceito de democracia, tanto que ao se falar no tema, lembramos de conceitos iluministas como separação de Estado e Igreja, divisão dos poderes políticos, liberdade de expressão e iniciativa.
Ainda no século XVIII revoluções como a americana (1774) e francesa (1789), influenciadas pelos iluministas, mostraram ao mundo que muito poderia ser alcançado pelo iniciativa popular. No Brasil, as inconfidências, Mineira (1789) e a baiana (1798) também sofreram essas influências, aliás, foram as ideias e revoluções do século XVIII que motivaram as lutas por independência em toda América espanhola.
Foi também com eventos como a Revolução francesa que a democracia ganhou força para questionar, agora, o poder da própria burguesia, que aderiu ao iluminismo, liderou as revoluções e inconfidências citadas. Na linha chamada socialismo utópico, tivemos pessoas que entendiam que as liberdades burguesas não poderiam se sobrepor ao povo em geral, mas deveria haver um controle de respeito e isonomia e isocracia de todo povo, na França eles foram chamados de Sans-cullotes. Foi ainda nessa pegada, influenciados agora pela Revolução Industrial do século XIX, que pensadores como Marx e Engels desenvolveram o que veio a ser chamado de socialismo científico, que não pensava apenas em buscar um respeito da burguesia para com o operariado, mas com a experiência de como funcionava então a economia, com o nascente capitalismo, criticaram esse modelo promovendo uma revisão dessa forma de produção. Analisando a história, Marx concluiu que desde o começo dos tempos humanos, a história das sociedades é a história das lutas de classes, senhores do poder contra os que deste estão afastados.
No século XIX, as ideias e revoluções assim desenvolvidas, também deram forças para a chamada Primavera dos povos, quando as nações europeias combateram as antigas monarquias nacionais, quando o espírito nacionalista e positivista "empoderou" a camada operária e burguesa para transformar o mundo naquilo conhecemos hoje. No século XX tornou-se normal a exigência por direitos de cidadania. Se tornou natural achar absurda a escravidão, exigir respeito mútuo entre patrões e empregados, e considerar-se parte do governo, ou melhor, considerar que o governo foi criado pelo povo, e para o povo, estendendo-se amplamente a ideia de democracia.
Perceba que democracia não é um sistema que nos veio concluído da Grécia Antiga, nem que se oficializou no Iluminismo, mas que é o fruto de contínuas conquistas populares. Teve carácter aristocrático (vide tantos limites que se dava ao grego para ser cidadão), carácter burguês, com as revoluções inglesas, francesas e industriais, mais para o século XIX caminhou com um perfil socialista de ganhos de direitos a todos trabalhadores.
Mas não parou nisto. No século XX ainda novas ideias modificaram a democracia, o movimento feminista, a luta por direitos civis dos negros. No fim do século XX e no raiar do XXI os direitos de homossexuais entraram em pauta. E podemos prever que cada vez mais grupos que possuem limites em sua condição cidadã irão se levantar para a mais ampla e irrestrita democracia.
A democracia deve ser caracterizada por um contínuo construir de direitos para todos e deveres para com todos. Nas sociedades democráticas modernas se vê muita bagunça que também incomoda, mas se vê a liberdade de ser humano. Em sociedades autoritárias onde a ordem prevalece, se vê a rigidez contra a bagunça, mas se vê a desumanização no espaço público. Como disse Churchill, Democracia é a pior forma de governo, depois de todas as outras.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Modelo de um Reino, seus ducados, condados e marcas

Acima temos um modelo fictício de um reino, seus ducados, condados e marcas.
A origem europeia e medieval dessa estrutura de território vem seguida dos dias do Imperador Carlos Magno.
Quando coroado imperador do Sacro império Romano, ele, Carlinhos dividiu várias de suas posses europeias aos seus chegados (conquistadores militares, bons administradores, inimigos reconciliados etc). Isto para melhor gerir seu império; afinal, um grande território ficaria mais fácil de ser administrado e controlado com líderes locais submetidos à uma estrutura hierárquica.
Cada pessoa recebeu com sua terra, um título. Assim, foi surgindo o título nobilitário, ou seja, os nobres.
Essa divisão hierárquica segue assim:
Mediante um processo de juramento, uma solenidade de enfeudalização, o superior, senhor, ou suserano, concedia um FEUDO ao seu inferior, vassalo.
O feudo consistia muito mais que uma terra, como é comum afirmar. O feudo é um compromisso, uma honraria que é concedida para alguém. Tanto pode ser uma simples porção de terra, como era também um título, um dever, um presente.
Nesse processo, era feito um ato solene de compromisso (HOMENAGEM), tanto do suserano, quanto do vassalo. Que não seja esquecido o importante fato, a Igreja católica mediava essa cerimônia, assim, além, estava acima de todos, pois apenas sob sua autoridade os contratos feudais eram feitos.
O suserano prometia proteção e a manutenção daquele feudo ao seu vassalo, em contra partida, o vassalo prometia servir ao seu senhor.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

É feriado!!!

Quando um feriado cai num sábado, ou pior, num domingo, só se vê gente reclamando: não podia ser na segunda? E a turma da escola é quem mais comemora quando os feriados caem nas terças ou quintas. Sim, ficar feliz com um feriado prolongado é um desejo natural de uma pessoa que tenha folga das obrigações que demandam esforço. Raros são aqueles, que mesmo que gostem do seu trabalho, reclamem que tem um feriado.
Mas tem quem reclame? Tem sim. Basta assistir ao jornal que noticia um tal feriado. Os jornais sempre abordam sobre como o povo se sente feliz e quais os planos que eles têm para esses amados dias, mas também sempre noticia os prejuízos financeiros do comércio e da industria quando ficam sem sua força de trabalho. Contabiliza-se o financeiro para mostrar a perda de dinheiro que ocorre com o feriado. Assim, parece que aquela notícia tão alegre tem de ter um gostinho amargo no final.
Assistindo uma reportagem sobre esse tipo de notícia, um trabalhador disse: "Gostoso a gente ter um feriado, é muito bom a gente ter uns dias para descansar. Mas para o país, eu entendo que, é um prejuízo muito grande." Estamos tão acostumados com essas falas que nem mesmo questionamos o seu sentido. Veja, ele usa a palavra PAÍS como uma entidade separada da palavra GENTE. Nessa fala, nós não somos o país. Nesta fala, país é o PIB, e nós, a GENTE, parece que estamos indo contra a maré do PAÍS.
Vivemos tão acostumados com essas falas que alguns até ficam preocupados com as perdas financeiras. Será que é para ficarmos mesmo tão preocupados? Bem, claro que se as empresas e órgãos têm prejuízo, eles iram repassar isso nos preços dos produtos finais que consumiremos. Mas isso, porque se entende que é um direito capitalista e democrático a liberdade de ganhar dinheiro. E que os demais, assalariados devem trabalhar duro para melhorar de vida se quiserem colher também os frutos do capitalismo. - O que na verdade não ocorre com boa parte da população das classes C e D, que trabalham duro, mas não têm ganhos significativos no final das contas.
Mas se invertermos um pouco a fala daquele cidadão entrevistado? Aliás, se mostrarmos que somos cidadãos, que o PAÍS é a GENTE, que o fim de todo trabalho não é gerar lucro, mas aproveitar a vida como se deseja. Poderíamos definir aqui qual é o fim de nosso trabalhar, o porquê de fazermos isso.
Das opções a baixo, escolha qual lhe parece adequada a definição de trabalho que você acredita
1- como já nos é dado, trabalhamos para gerar lucro, para nós e para o PAÍS.
2 - trabalhamos porque o trabalho enobrece o Homem (Ben Franklin)
3 - trabalhamos porque o PAÍS nos obriga a isso se desejarmos ter algum direito.
4 - trabalhamos porque queremos e o trabalho nos dá, DIRETAMENTE, o prazer que buscamos.
Acredito que o leitor vai escolher a ideia que mais lhe parece justa, mesmo que essa sua escolha não seja a realidade que lhe é apresentada. Mas qual é a finalidade desse texto? Acabar com o trabalho?
Não!
Mas, criar um ruido, interferir em sua aceitação pronta de que a finalidade do seu PAÍS é de gerar PIB. Fazer você lembrar que você é humano, com uma mente que criou o lazer, que trabalha não para dormir e trabalhar mais, você trabalha para obter aquilo que lhe dá prazer.
Esse texto serve para você lembrar, da próxima vez que ouvir esse tipo de notícia, que você não deve viver para gerar números que mal chegam no seu bolso. Esse texto serve para você lembrar que seu esforço tem que ser recompensado, na hora que sai do trabalho, na hora que acorda num feriado.
Serve para lembrar que seu trabalho, como a maioria, não é recompensada justamente pelo PAÍS que lucra ou perde com o feriado. Pois quando você sai do trabalho enfrenta um trânsito pontencializado pelo PAÍS  que não usa esse PIB para melhorar a vida da GENTE (E isso, é só um exemplo).