quinta-feira, 16 de abril de 2020

A formação da Polis no período Arcaico


Ao analisar o processo de formação da Polis, podemos entendê-lo como algo que ocorreu com o desenvolvimento do comércio e como consequente a este, houve a necessidade de uma proteção para manutenção deste comércio. Assim, depois do período chamado de Idade das Trevas, mercados e unidades defensivas foram caracterizando o espaço urbano onde se desenvolveu a polis.
Polis (Cidades Estado)
Na região continental da Grécia, podemos anotar as poleis (cidades) de Atenas e Tebas; no Peloponeso, Esparta e Corinto; em outras regiões temos Mileto, Mitilene e Samos. Embora haja ocorrido em várias regiões, e durante o mesmo período (entre os séculos VIII e VII antes de Cristo), na maioria delas podemos notar alguns aspectos particulares de desenvolvimento cultural em relação às outras. Algumas se destacaram na literatura e nas artes, outras na filosofia e nas ciências[1].
Para falar de Polis, Finley[2] lembra que é usual o termo cidade-estado, pois, segundo ele,  assim melhor se definiriam essas organizações sociais. O termo cidade-estado remete ao significado moderno de cidade. Além disso, indica cidades com uma administração autônoma, como se fossem estados independentes em relação às demais cidades gregas. Por isso, quando se estuda esse período arcaico, precisa enfatizar que estamos estudando diferentes estados, diferentes “Grécias” e não um estado unificado como o Egito, ou Roma. 
Caso de Atenas
Para melhor sistematizar esse texto sobre a formação da Polis no período arcaico, vamos usar bastante o caso de Atenas, desde a Monarquia até a democracia. É importante lembrar que estamos tratando de uma forma específica de administração pública, e não o conceito de democracia que conhecemos hoje. Por isso, vamos entender que o que existiu neste período deve ser visto como Democracia Ateniense, sendo este um fenômeno próprio para Atenas.
É preciso que lembremos que em Atenas houve a democracia, mas outras cidades (poleis)  passaram por evoluções políticas semelhantes, mas diferentes. Inicialmente, notamos que muitas poleis reuniam-se em torno de uma monarquia e assim ficaram. Essas poleis existiram como monarquias, principalmente no período do século VIII a.C., visto que em cerca de 700 a.C. já se estruturavam as aristocracias que foram superando às monarquias e vindo a ser oligarquias. 
Para tomar as rédeas no governo da polis, algumas aristocracias davam uma forte ênfase religiosa, alegando que sua ancestralidade vinha dos deuses. Em algumas cidades como em Mileto, Tebas, Atenas e Esparta, a formação da Polis iniciava-se como uma monarquia, “evoluindo” para oligarquias e, no caso de Atenas, culminando na democracia. 
Olhando para o caso de Atenas, com o desenvolvimento econômico agrário, sobretudo do vinho e da oliveira, surgiram disparidades sociais. Alguns camponeses se endividavam, ao passo que outros cresciam e se tornavam poderosos. Esses últimos foram se organizando como oligarcas, que governariam a cidade, se consideravam os eupátridas, ou seja, os bem nascidos, que se arrogavam ter a herança de primeiros fundadores, ligados aos deuses.
Surgimento da Democracia de Atenas
Essa estrutura oligárquica foi se complexando desde 700 até 594 a.C., quando com Sólon, que foi eleito por grupos urbanos de Atenas que se solidarizavam com os camponeses, mudanças foram feitas para favorecer mais outros grupos atenienses que ficavam à mercê dos eupátridas. Sólon cancelou as dívidas dos cidadãos atenienses e, de certa forma, concedeu poderes políticos até mesmo para atenienses pobres. 
Tirania
Por meio de conflitos, vieram as ditaduras ou tiranias. As normas de Sólon que diminuíram as desigualdades entre os atenienses não agradaram, sobretudo aos ricos, e nem aos pobres não atenienses. Foi nesse clima de instabilidade que um nobre Pisístrato tomou o poder e desenvolveu a tirania, governando como um rei. Governava autoritariamente usando a forma de soldados mercenários, mas era considerado bondoso com a população. Destaco ainda aqui que a tirania não foi um período específico, mas por outras ocasiões, não historicamente contínuas. Surgiam outras figuras de tiranos; todavia, Pisístrato é o tirano que mais se destacou.
Clistenes consolida a democracia
Por fim, com uma revolução política, e uma maior consciência, desenvolveu-se democracia. Após a morte de Pisístrato, seus dois filhos não foram bem-sucedidos na continuidade da tirania. A assembleia do povo (Eklésia) escolheu Clístenes para Arconte (governador). Clístenes ficou conhecido como o pai da democracia ateniense. Este foi o ponto máximo do desenvolvimento político da Polis de Atenas.
Clístenes repartiu Atenas, ou melhor, a Ática (região de Atenas) em três espaços, o centro, o interior e o litoral. A finalidade dessa repartição foi para que houvesse representantes no Conselho (boulé) de todas regiões de Atenas. Após Clístenes, poderíamos continuar com outros atenienses que deram passos maiores para a democracia, como Péricles e Efialtes. 
Bibliografia
VERNANT, Jean-Pierre. As Origens do Pensamento Grego. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 6ª 1991.


[2] Moses Finley. Economia e Sociedade na Grécia Antiga. 2013, p.04.