quinta-feira, 16 de abril de 2020

A formação da Polis no período Arcaico


Ao analisar o processo de formação da Polis, podemos entendê-lo como algo que ocorreu com o desenvolvimento do comércio e como consequente a este, houve a necessidade de uma proteção para manutenção deste comércio. Assim, depois do período chamado de Idade das Trevas, mercados e unidades defensivas foram caracterizando o espaço urbano onde se desenvolveu a polis.
Polis (Cidades Estado)
Na região continental da Grécia, podemos anotar as poleis (cidades) de Atenas e Tebas; no Peloponeso, Esparta e Corinto; em outras regiões temos Mileto, Mitilene e Samos. Embora haja ocorrido em várias regiões, e durante o mesmo período (entre os séculos VIII e VII antes de Cristo), na maioria delas podemos notar alguns aspectos particulares de desenvolvimento cultural em relação às outras. Algumas se destacaram na literatura e nas artes, outras na filosofia e nas ciências[1].
Para falar de Polis, Finley[2] lembra que é usual o termo cidade-estado, pois, segundo ele,  assim melhor se definiriam essas organizações sociais. O termo cidade-estado remete ao significado moderno de cidade. Além disso, indica cidades com uma administração autônoma, como se fossem estados independentes em relação às demais cidades gregas. Por isso, quando se estuda esse período arcaico, precisa enfatizar que estamos estudando diferentes estados, diferentes “Grécias” e não um estado unificado como o Egito, ou Roma. 
Caso de Atenas
Para melhor sistematizar esse texto sobre a formação da Polis no período arcaico, vamos usar bastante o caso de Atenas, desde a Monarquia até a democracia. É importante lembrar que estamos tratando de uma forma específica de administração pública, e não o conceito de democracia que conhecemos hoje. Por isso, vamos entender que o que existiu neste período deve ser visto como Democracia Ateniense, sendo este um fenômeno próprio para Atenas.
É preciso que lembremos que em Atenas houve a democracia, mas outras cidades (poleis)  passaram por evoluções políticas semelhantes, mas diferentes. Inicialmente, notamos que muitas poleis reuniam-se em torno de uma monarquia e assim ficaram. Essas poleis existiram como monarquias, principalmente no período do século VIII a.C., visto que em cerca de 700 a.C. já se estruturavam as aristocracias que foram superando às monarquias e vindo a ser oligarquias. 
Para tomar as rédeas no governo da polis, algumas aristocracias davam uma forte ênfase religiosa, alegando que sua ancestralidade vinha dos deuses. Em algumas cidades como em Mileto, Tebas, Atenas e Esparta, a formação da Polis iniciava-se como uma monarquia, “evoluindo” para oligarquias e, no caso de Atenas, culminando na democracia. 
Olhando para o caso de Atenas, com o desenvolvimento econômico agrário, sobretudo do vinho e da oliveira, surgiram disparidades sociais. Alguns camponeses se endividavam, ao passo que outros cresciam e se tornavam poderosos. Esses últimos foram se organizando como oligarcas, que governariam a cidade, se consideravam os eupátridas, ou seja, os bem nascidos, que se arrogavam ter a herança de primeiros fundadores, ligados aos deuses.
Surgimento da Democracia de Atenas
Essa estrutura oligárquica foi se complexando desde 700 até 594 a.C., quando com Sólon, que foi eleito por grupos urbanos de Atenas que se solidarizavam com os camponeses, mudanças foram feitas para favorecer mais outros grupos atenienses que ficavam à mercê dos eupátridas. Sólon cancelou as dívidas dos cidadãos atenienses e, de certa forma, concedeu poderes políticos até mesmo para atenienses pobres. 
Tirania
Por meio de conflitos, vieram as ditaduras ou tiranias. As normas de Sólon que diminuíram as desigualdades entre os atenienses não agradaram, sobretudo aos ricos, e nem aos pobres não atenienses. Foi nesse clima de instabilidade que um nobre Pisístrato tomou o poder e desenvolveu a tirania, governando como um rei. Governava autoritariamente usando a forma de soldados mercenários, mas era considerado bondoso com a população. Destaco ainda aqui que a tirania não foi um período específico, mas por outras ocasiões, não historicamente contínuas. Surgiam outras figuras de tiranos; todavia, Pisístrato é o tirano que mais se destacou.
Clistenes consolida a democracia
Por fim, com uma revolução política, e uma maior consciência, desenvolveu-se democracia. Após a morte de Pisístrato, seus dois filhos não foram bem-sucedidos na continuidade da tirania. A assembleia do povo (Eklésia) escolheu Clístenes para Arconte (governador). Clístenes ficou conhecido como o pai da democracia ateniense. Este foi o ponto máximo do desenvolvimento político da Polis de Atenas.
Clístenes repartiu Atenas, ou melhor, a Ática (região de Atenas) em três espaços, o centro, o interior e o litoral. A finalidade dessa repartição foi para que houvesse representantes no Conselho (boulé) de todas regiões de Atenas. Após Clístenes, poderíamos continuar com outros atenienses que deram passos maiores para a democracia, como Péricles e Efialtes. 
Bibliografia
VERNANT, Jean-Pierre. As Origens do Pensamento Grego. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 6ª 1991.


[2] Moses Finley. Economia e Sociedade na Grécia Antiga. 2013, p.04.

O índio sob a ótica da república (1910 - 1967)


Gestão do Serviço de Proteção ao Índio (SPI)
quanto mais inocentes e supostamente anódino [suave] os dados usados pelo pesquisador, maior a margem de impensado reproduzida” - Souza Lima. Não existe neutralidade que se preserve neutra. Tudo que se diz neutro, abre margem para zilhões de interpretações.
O SPI representa a ação do estado da 1ª república diante da questão indígena. O órgão tratou de um largo número de povos diferenciados, como se fosse um único povo. assim houve uma homogeneidade de concepções quanto ao exercício de suas tecnologias.
O SPI como parte do Ministério da Agricultura
Com a criação do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio em 1906 há a preocupação com a situação do índio. O SPI surge como um órgão de importante grandeza para o país.
O Ministério da agricultura surge como característica da 1ª república em sua forma burocrática, sua importância se enquadra no processo de transição do trabalho escravo para o livre nas atividades centrais da economia brasileira, ou seja, atividades agrícolas.
Uma organização privada, a Sociedade Nacional de Agriculta (SNA) que abrangia um grupo de agricultores a margem da cafeicultura, é visto como força de influência política para a criação do ministério. A própria república do Café com Leite olhava com maior preocupação para o café, deixando todas outras culturas (açúcar, tabaco, borracha, e outras) em segundo plano.
O Convênio de Taubaté (1906) foi um fator que atrasou a organização do ministério. E a criação do Ministério veio com uma barganha política depois de benefícios dados aos cafeicultores.
Institucionalização e pressupostos do SPI
Rondon foi nomeado para gerir o SPI. O órgão surgiu sob a ideia de “criar um aparelho de poder sobre os índios”. Suas bases ideológicas estavam enraizadas no positivismo. Os índios eram considerados não civilizados, e o SPI surgiu como uma prática de controle, sobretudo com indígenas que estavam em terras de disputa com latifundiários.
Inclusive, o dia de organização do SPI reforça esse projeto positivista, 07-09-1910. O dia da independência do Brasil, ou seja, um símbolo de que o índio entra na nação brasileira. Mas, já em 1911 o SPI passa por reformas estruturais: Corte de verba, intenção de fazer do índio um pequeno-produtor. O índio deveria, sem escolha, entrar no modo produtivo do Brasil. Mas, sendo comparado ao pequeno e pobre produtor, sem grande capital, visto que o índio sempre produziu para sua subsistência.
Pedro de Toledo (Ministro da Agricultura) propõe um regime jurídico especial para os índios que só se materializou mesmo no Código Civil de 1928. Era posta sobre o índio a ideia de um grupo a ser civilizado; sem capacidade teria de viver sob a tutela do Estado.
O SPI solicitava aos Estados da União que julgassem quais terras pertenceriam às reservas indígenas. – Isto gerava uma possibilidade de barganha e conchavos políticos. Assim, terras indígenas não respeitavam as tradições dos povos originários, e sim de pessoas com interesses de lucro sobre as terras indígenas.
Presença dos Militares
A proximidade dos órgãos militares (Rondon era um militar da linha do Marechal Hermes da Fonseca) com os conceitos positivistas dos dirigentes do SPI que compreendiam que a presença militar era benéfica para os grupos indígenas. Os militares mostrariam a sua coragem no desprendimento para defender os limites da pátria.
Os índios hostis seriam combatidos defensivamente, os militares deveriam mostrar aos índios as relações de amizade, ou melhor dizendo, disciplinar o índio. “Conquistar terras sem destruir os ocupantes indígenas”, diziam os militares; e desta forma obter mão de obra para os grandes proprietários de terra.
SPI após 1932
Com a revolução de 1932, houve uma transferência do SPI do Ministério da Agricultura para o ministério da Guerra. O discurso era a favor de uma maior influência da educação positivista, nacionalista e militar no lugar da educação catequética religiosa (Nesta época, as reservas indígenas possuíam catequistas estrangeiros). Criando no índio um sentimento nacional deixando sua nação de origem e virando um “brasileiro”.
Esses positivistas viam os índios sob uma visão de que eles estavam em um estágio mais primitivo da evolução, pensava-se no índio como um ser inferior. Interessante que estes seres inferiores seriam os guardas das fronteiras, conforme dizia o SPI. Assim, a presença militar em controlar os índios era fundamental ao Estado Brasileiro.
Ditadura Getulista
 Expansão sobre o centro-oeste e o parque do Xingu
Com a “Marcha para o Oeste” – frase getulista, vem a intensificação da demarcação do território de limites internacionais. Em 1939 é criado o Conselho de Proteção aos Índios, com fins de estudar a proteção dos índios e seus costumes e línguas. Surge, também, a Fundação Brasil Central para efetivar a colonização (povoamento) do Centro-oeste brasileiro, este órgão trabalharia junto ao SPI.
Surge a ideia da criação do parque do Xingu para que os índios tivessem sua fauna e flora, numa espécie de estufa do povo indígena. Este espaço sempre ficaria preservado pelas forças armadas (aeronáutica e exército). Os índios seriam “ratos de laboratório”.
Período Democrático e Golpe de 1964
Em 1945 a ideia de preservação e aculturação foram medidas protecionistas, em que civis que geralmente eram pessoas preparadas pelo ensino superior podiam participar. O Brasil já viva com grandes centros universitários, considerava-se que essa elite intelectual poderia participar e contribuir na inserção do índio a nação brasileira
Trabalhou-se também a preocupação, protecionista, em observar se os índios já tinham condições de lidar com a economia e o mercado nacional.
Em 1967, sob o regime militar, suspeito de irregularidades, encerra-se o trabalho do SPI e inicia-se a FUNAI.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

As histórias sobre a história do Brasil

Quando se fala em história do Brasil, sempre surgem questões de divergências sobre alguns tópicos: Cabral descobriu o Brasil? Cabral sabia, ou não sobre a rota para o Brasil? Nossa história pacífica, diferente de outros países, como Estados Unidos ou México que tiveram guerras? Nossos personagens como: Borba Gato, Raposo Tavares, Zumbi, Tiradentes, D. Pedro I eram heróis?
Essas perguntas dependem de como se conta a história. Por exemplo, Tiradentes (1792) era um rebelde e vilão até 1890, quando então, a república entendeu que ele era um líder que lutou pela justiça em Minas gerais.
Os Bandeirantes podem ser vistos como grandes desbravadores e fundadores de muitas cidades brasileiras, como também podem ser vistos como homens cruéis que mataram índios e negros. Tudo isto depende de como se conta a história do Brasil.
Tiradentes é uma figura que pode ser descrita de diversas formas. Se fossemos estudar a história da Inconfidência Mineira contada pelo Reino de Portugal, Tiradentes seria um criminoso que queria prejudicar a arrecadação de impostos e pregar a rebeldia contra a ordem pública. Ou ainda, ele pode ser descrito como um mártir que, como Jesus Cristo, se entregou pela causa do povo mineiro, ou como um guerreiro como os líderes militares que lutaram pela independência da América, como Simon Bolivar.

ATIVIDADE
Analise as imagens de Tiradentes, descreva como cada um quis apresentar Tiradentes:



O povo Inca

O povo inca tem algumas características singulares. Embora não tivessem letras escritas, possuíam um sistema de correspondência invejável para aqueles tempos. Além de que, mesmo sem realizar registros escritos sobre coisa alguma, eles possuíam um instrumento de fazer contas e capacidade arquitetônica sem comparação.

A imagem apresenta o sistema de estradas, a espinha dorsal do império Inca. 40 mil km que serviam para manter controle, unidade e serviços em todo império Inca.
As províncias (semelhantes a estados) Incas tinham subdivisões e controle populacional, pessoas moravam de acordo com as determinações do império. 
As províncias tinham em média 10 mil habitantes.
Pelas estradas, corriam os chasquis. Chasquis (corredores) eram funcionários do império responsáveis por levar notícias de uma província ou de aldeias para outras regiões do império. 
Os chasquis comunicavam sobre recursos, demandas, impostos. 
As estradas tinham paradas, a cada 20 ou 30 km havia os tambos, estalagens próprias para o descanso dos chasquis.
Em cada tambo, uma troca de corredores se realizava. Após correr 20 ou 30 km, um chasqui passava para outro as informações e esta outro seguia pela estrada mais 30 km, deste modo, cada chasqui viajava apenas 20 ou 30 km por dia.

Quando as informações eram passadas aos chasquis, eles não possuíam nada escrito para transmitir, mas memorizavam alguns dados e levavam consigo um instrumento tipo um ábaco (para registrar contas), chamava-se quipu.
Veja algumas imagens sobre o quipu para entender melhor.

inca ostentando um quipu

modelo de quipu

como fazer uso do quipu 01

como fazer uso do quipu 02

como fazer uso do quipo 03
exemplo do quipu 03: 132 arcos; 417 flechas; 3 torres 





1 - Um cordão com um pouco mais de 1 metro, possuía vários cordões menores que estavam amarrados ao cordão principal.
2 - Os cordões menores possuíam cores correspondentes ao tipo de informação (quantidade de cereais, ou outros suprimentos, quantidade de armas, soldados, pessoas).
3 - Os cordões eram subdivididos em unidade / dezena / centena / milhar.
4 - Cada divisão era marcada com um nó correspondente a um número.
5 - O nº 01 - nó simples; nº 02 - nó duplo; nº 03 - nó triplo, até o nº 10 com um nó de dez voltas.

Os chasquis e o quipu foram elementos importantes no desenvolvimento desse império, pessoas e instrumentos que serviam para manter o controle do estado, a distribuição de recursos e serviços, além de controle militar para casos de guerra.
Assim, mesmo sem uso de anotações escritas, este império construiu um sistema eficaz de contagem de seus recursos. 
 
ATIVIDADE

Você deve fazer um quipu contando os objetos que você tem em casa.
Para isto precisará de um barbante, ou outros cordões de cores diferentes (use canetinhas hidrográficas para pintar o barbante). 
Siga os modelos acima.
Cada cordão deverá enumerar o que você possui, por exemplo, use uma cor para contar quantos livros, ou brinquedos, CDs. 
Você também pode usar um cordão para contar quantas pessoas, ou a idade de cada pessoa.

segunda-feira, 13 de abril de 2020

Escola em tempos de pandemia

Estou vendo posts em redes sociais que criticam as escolas por se adequarem aos novos moldes virtuais em períodos de quarentena. Algumas escolas estão buscando se adaptar ao modelo EAD para que seus alunos não se prejudiquem. Os professores estão estudando e se aprimorando para dar aos alunos o melhor em tempos de contensão. 
Li que as escolas estão fingindo que ensinam. Não sei se preparar estudos dirigidos, gravar explicações, solicitar retorno de acordo com o que foi passado é tudo fingimento. Tenho dúvidas sobre isso. Professores com quem trabalho estão a todo vapor estudando e adaptando formas de transmitir conhecimento. Hoje mesmo, eu tive um encontro com meus alunos, enquanto eu explica, percebi a mesma dinâmica da sala de aula, uma aluna pergunta, outra faz comentário pertinente, e tem aqueles que sempre brincam. Não notei comportamento diferente do que tenho nas aulas presenciais.
Não sei se os pais estão percebendo como o processo pedagógico é complexo, e que aprendizado não é apenas ler ou ver isso, ou aquilo. Educação é mais que transmitir uma informação (por isso há faculdade para formar professores), educar é pensar como os educandos podem PERCEBER (não receber) o conhecimento, como podem refletir dentro de um mundo tão virtual, onde o fake se mistura com o real, ter a gana de investigar, questionar, interpretar. Educar é despertar no ser humano o gosto pela nossa mais impar habilidade, o pensamento.
Ainda ontem, eu li um outro post que vinha cheio de informações sobre o governo de D. Pedro II, e ao final dizia: "aposto que isso, o seu professor de história não te ensinou". Sinceramente, não sei que professor de história (de alunos do 8º ano do fundamental II e do 2º ano do ensino médio) não ensine sobre o governo de Pedro II (golpe da maioridade, guerra dos farrapos, guerra do Paraguai, parlamentarismo as avessas, leis e políticas abolicionistas, o espírito ilustrado do imperador e sua filha)? 
Este post me leva a pensar: Essa pessoa que postou isto, não prestou atenção em suas aulas no período escolar, e hoje, devido a rapidez de informação, conseguiu os dados que lhe interessaram e jogou na Rede. Outras pessoas, que terminaram a escola no mesmo espírito desinteressado, vão ler, (e como memória é seletiva) vão dizer que não aprenderam nada na escola (e que a culpa é do professor), e vão "retuitar" esse desrespeito aos profissionais que são os únicos responsáveis por, mais que dar uma informação, fazer questionar e refletir sobre o que se lê.
Curiosa essa nação brasileira que tanto elogia os países estrangeiros que valorizam seus professores, mas que critica os de sua pátria. Que não prestam atenção nas aulas, que não fazem lição de casa, que não vêm com a matéria estudada para aula. Acho que vivemos em uma era de possibilidade de cuspir informações, não preciso pagar um livreiro, ou trabalhar no jornal para escrever, basta escrever. Assim fica fácil dizer o que se pensa. E em uma geração que não reflete a informação (pois a preguiça é maior que o desejo de conhecer), qualquer informação se torna verdade, qualquer um se arvora em se considerar professor.
Espero que nesses tempos de pandemia, os leigos da pedagogia e docência valorizem mais os professores. Um professor é aquele que faz mais que estudar, mas como se expressou Sto. Agostinho, um professor é aquele que se coloca como alguém que ensina à medida que aprende e aprende à medida que ensina. 

quinta-feira, 9 de abril de 2020

A Guerra inútil

A 1ª guerra mundial foi chamada de a guerra que acabaria com todas outras guerras. Mas muito pelo contrário, esta foi a grande responsável por uma das guerras mais brutais, a 2ª guerra mundial. Pode-se ligar as duas guerras pelos mesmos propósitos, mas vestidos de nomes diferentes.
A 1ª guerra foi motivada pelos propósitos imperialistas de dominar territórios, manter colônias para desenvolver a corrida capitalista da industria. Esta guerra proclamava o nacionalismo como bandeira para unir a Prússia e Áustria no PANGERMANISMO. A 1ª guerra veio do período da paz armada, quando as nações envolvidas, Prússia (Alemanha), Itália, Áustria, Russia, França e Inglaterra se militarizaram, desenvolveram tecnologias um possível conflito. Esses países estavam ligados por alianças, A Tríplice e a Entente, afinal, uma nação não entraria sozinha em uma guerra para dominar o mundo.
Esses elementos da Grande Guerra continuaram até os primórdios da 2ª guerra. As nações derrotadas, Itália e Alemanha se ergueram com nacionalismo chamado agora de fascismo e Nazismo, e esses movimentos eram extremamente militaristas, e mantiveram a ideia de formar alianças.
A guerra que deveria terminar com todas as guerras, na verdade, deu as pegadas para uma guerra muito mais cruel, por exemplo, o nazismo na Alemanha que desejava se vingar das humilhações impostas no fim da guerra, o tratado de Versalhes, buscou e inventou culpados, os judeus, os comunistas e todos que representassem alguma ameaça ao nacionalismo (o Nazismo) para justificar a derrota. E nessa justificativa ocorreu o Holocausto, a grande chacina dos judeus, poloneses, russos, franceses, ciganos e comunistas.
Com o tal propósito de terminar todas as guerras, a 1ª guerra foi totalmente inútil. O espírito imperialista de possuir colônias para extrair matéria prima para industria continuou, pois Hitler defendia a ocupação de territórios que a Alemanha perdeu com o Tratado de Versalhes, defendendo a ideia de "espaço vital", e anexando a Áustria, ocupando os Sudetos, invadindo a Polônia e a Alsácia.
O militarismo, que na Grande Guerra foi chamado de "paz armada", continuou e arrebatou quase toda Alemanha. Hitler convocava jovens (a Juventude Hitlerista) que inspirados pela mensagem triunfalista e patriótica, o tal 3º Reich de 1000 anos (o grande império dos povos germânicos), além das expectativas de uma carreira militar, a defesa da pátria do povo alemão criou uma fidelidade dos jovens aos desejos lunáticos de seu Füher.
A ideologia do nacionalismo na 1ª guerra continuou também. Agora essa ideologia era promovida pelo Partido Nacional Socialista e combatia toda ideologia e arte internacional, capitalismo, comunismo, literaturas, filmes e quaisquer influências que não se enquadrassem naquilo que o Hitler entendesse como cultura ariana eram excluídas da nação.
Esses elementos destacados acima entraram como herança da 1ª guerra para a outra Guerra. Uma guerra para acabar todas as outras, virou a guerra para eclodir a maior de todas as guerras. Da 1ª guerra, uma Alemanha surge das cinzas e cheia de ódio. Uma Alemanha cega pela humilhação de Versalhes inventava inimigos em sua própria terra, os judeus.
A guerra foi inútil, pois além de não acabar com todas as guerras, acabou mal acabada. Praticamente todos problemas da Grande Guerra de 1914, estavam de volta com força na 2ª Guerra. Foi inútil porque despertou o espírito da estupidez, a cegueira de matar seus compatriotas, violentar e torturar as pessoas sem um único remorso, sem uma autocrítica. A guerra inútil criou pessoas enlouquecidas, motivadas por um homem fracassado, um político que era frustrado em seus projetos, essas pessoas que iradas trataram as minorias como descartáveis, os alemães concordavam com os guetos judeus, com os campos de trabalho (extermínio). 

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Comida dos fenícios (cartagineses) o povo do mediterrâneo

Quando falamos em história antiga do mediterrâneo lembramos primeiro dos gregos e dos romanos, ainda dos egípcios e assim também, não podemos deixar de lado o povo fenício. Os fenícios foram os grandes navegadores da antiguidade, entre suas lendas e histórias, eles teriam até mesmo se aventurado pelas navegações oceânicas mais de 1.500 anos antes dos portugueses.
Nessa tradição marítima os fenícios, eles se tornaram também grandes mercadores, e assim, muito dos alimentos mediterrâneos foram popularizados por eles, tanto em seu comércio, como na sua prática colonizadora.
De origem palestina, os fenícios se aventuraram de suas cidades costeiras (Tiro, Biblos e Sidom) para navegar e empreender pelo grande Mar (Mediterrâneo). Apesar de haver rios em sua terra, eles necessitavam de aumentar seus recursos como a prática de agricultura extensiva.
A alimentação fenícia, como muitos de sua época e região incluia: trigo para produção de pães e bolos, leguminosas como ervilhas, lentilhas, grão-de-bico, vagens e folhas. O óleo extraído da oliveira era largamente consumido para dar sabor, sendo consumido cru ou em algum cozimento. As frutas como figo, maçã, tâmara, uva, mandrágora, romã são alimentos leves e que de alguns deles, como a uva se produz o famoso vinho. As carnes bovinas e de caça também eram muito valorizadas, mas disputam espaço com os peixes.
Pesquisas indicam que a nobreza desse povo costumava consumir mais de 3 mil calorias diárias, indica-se também que eles não tinham alimentação balanceada, mas havia exageros em consumo de carboidratos.

Potência, limites e seduções do poder (resenha)

Marco Aurélio Nogueira é professor de política na UNESP, escreveu um livro para falar sobre o poder. O poder como instrumento para seduzir, aliás, o poder seduz por ser um instrumento de seduzir. Muitos querem ter poder para ter controle sobre pessoas, para ter a devoção dela, seduzi-las.
"...o poder perturba, leva pessoas à loucura, corrompe e alucina, mas também serve para que se movam montanhas e para que multidões dispersas se organizem."
Por ser algo tão paradoxal, o poder deve ser analisado para conhecer a organização das coisas e faze-las funcionar. Outro paradoxo do poder, analisado por Maquiavel é "os que desejam adquirir o que não possuem, ou os que desejam conservar as vantagens já alcançadas." A troca de poder, ou permanência pode fazer um empreendimento crescer e desenvolver (como é a história de sucesso contada sobre a empresa McDonald, pelo viés do filme "Fome de Poder"), ou o fracasso como foi a empresa Paes Mendonça que em 1999 teve de vender suas lojas de supermercado para quitar dívidas. https://www.folhadelondrina.com.br/geral/paes-mendonca-deve-vender-lojas-para-pagar-dividas-144936.html (18/04/1999).
Quando há muitos recursos em determinada empresa, a luta por poder é intensa, pois a gestão de grandes recursos é fonte de muito poder. Eis outro paradoxo, se deseja poder para se obter mais poder.
Poder é um assunto amplo, podendo-se assumir em várias esferas: político, econômico, religioso, amoroso etc. Nem sempre o poder é buscado para o ganho financeiro, embora este seja um dos lucros obtidos pelo poder. Em uma relação amorosa, a satisfação em ter outra (ou outras) pessoa(s) sob seu controle, lhe dá segurança. Ver seus desígnios revelados em alguém já é um fim para o qual se busca poder.

O PODER POLÍTICO
Política é a arena das ideias, dos valores, dos projetos sociais. Com a política se organiza a convivência, a resolução de conflitos. Mais que qualquer outra coisa, o poder na esfera política é fundamental para realização de um projeto.
Se alguém tem projetos, mas não tem poder político, seus projetos não se concretizam. O poder político, tanto pode ser política pública, ou privada, dá a quem detém a condição de por em prática, ou por em debate seu projeto. Para fazer algum projeto social funcionar precisa que o poder seja bem administrado. Quem não entende, ou não concorda com a política de um projeto não se engaja nele.
Na esfera da política pública, o poder se encontra nas mãos do Estado. Onde o aparato de governo está localizado. dali se mana o poder. O Estado usa a força para garantir o seu poder, quando esse é desobedecido, ou questionado. - Em uma república democrática até que se admite que aja questionamento ao poder, mas não para destruir o Estado. Aliás, é por meio de uma oposição ao Estado que, muitas vezes, se toma o poder e o inclina para um lado ou outro. - Aliás, a transição de poder é uma das forma de manter um Estado. A disputa por poder pode ser dentro da diplomacia, ou por meio da tomada abrupta de poder. Em um estado democrático e consolidado há maturidade para que as transições sempre se deem por meio do respeito de quem está no poder e quem disputa o poder. - Já a falta de maturidade é quando esse poder vai para um lado outro por meio de golpes, revoluções. Estes só existem porque os que estão no poder não aceitam a partilha, ou quando os que estão no poder abusam de seus privilégios.

Ascensão do totalitarismo

Após a 1ª Guerra, em 1918, o mundo experimentou um movimento democrático, sobretudo na Europa, mas que teve seus ideais irradiados para o mundo. Repúblicas, democracias, sufrágio mais justo, direitos das mulheres.
Nas Artes, o Modernismo explodia, em 1922 no Brasil ocorreu a Semana de Arte Moderna com um apelo nacionalista e inovador. Na Europa, o cubismo, dadaísmo, futurismo e outros também.
Quanto à economia, o liberalismo ganhava força, sobretudo com a liderança dos EUA que, após a Grande Guerra, se tornava o grande credor do mundo. Mas isso foi só por quase uma década, pois em 1929 com a Queda das ações da Bolsa de N.Y. o liberalismo econômico, que pregava que o capitalismo se auto regularia (como uma "mão invisível"), sem a intervenção do Estado, este modelo perde força para o Keynesianismo (doutrina econômica que afirmava a importância do Estado em combater os excessos dos capitalistas que sem regulação provocaram a grande crise de 1929).

Esse novo modo de política, arte e economia provocou, sobretudo na Itália e na Alemanha (países derrotados na Guerra Mundial) um movimento de defesa nacional. Na Itália o Fascismo, na Alemanha o Nazismo. Esses movimentos eram defensores de tradições nacionais, diziam que essas (duas) nações deveriam lutar por voltar aos seus triunfos do passado. Além de se auto afirmarem defensores do modo de vida nacional, combatiam o capitalismo liberal e o comunismo internacional. Queriam um estado soberano que estivesse presente na vida das pessoas.
Esses movimentos criticavam os movimentos internacionais citados acima e defendiam que o Estado traria ordem.
O Fascismo e o Nazismo se fiavam na classe média, além dos grandes proprietários de terra e na burguesia nacional. Com a ascensão de Mussolini (na Itália) e depois Hitler (na Alemanha), o Estado criou leis de proteção aos empregos, e sobretudo, ambiente favorável ao desenvolvimento de grandes empresários de suas pátrias.
Na contra-mão da democracia, o fascismo e o nazismo (assim como o socialismo soviético de Stalin) defendiam que um regime totalitário (ou seja, ditaduras) seria a maneira viável de resolver problemas como inflação, balbúrdia (os movimentos artísticos eram criticados, o movimento feminista colocava a mulher fora do papel de mãe e mulher recatada do lar, além das liberdades individuais que eram criticadas por aqueles que defendiam os valores da família tradicional).
Os regimes totalitários, quando chegaram ao poder (1922 na Itália, 1933 na Alemanha), para se manter, precisavam guiar suas nações dentro de suas doutrinas. Mas nem todos aceitaram esse controle, sobretudo os adeptos da vida liberal, membros dos partidos comunistas, minorias de estrangeiros; daí, o uso de recursos como a propaganda, para a criação de um inimigo (o liberal, o comunista, o estrangeiro). Contava-se à população sobre ter medo e ódio de tudo que combate a Pátria (Estado) e aqui colocamos esses grupos opositores. Não ler textos que se enquadravam no perfil do inimigo, não ouvir música, não valorizar artes etc. Se opor ao Regime do Estado era ser um inimigo da nação.
O caso que teve maior repercussão foi o anti-semitismo do nazismo, embora tenha existido xenofobia contra poloneses, ciganos, franceses, russos, chineses (no caso do Japão imperial), contra maçons, algumas seitas evangélicas, marxistas, ateus, ou seja, como já foi dito, tudo que se enquadrasse no perfil do inimigo.
Assim, era inevitável que esse totalitarismo não provocasse uma guerra, com veio a acontecer, pois a manutenção da ideologia fascista e nazista se fazia valer do orgulho nacional, e uma guerra contra quem quer que fosse, seria um mote para internalizar no povo o sacrifício em prol do Estado.