sábado, 28 de fevereiro de 2015

OS DOGMAS DA RELIGIÃO CIVIL DE JEAN JACQUES ROUSSEAU

As idéias político-filosóficas de Jean Jacques Rousseau se fundamentam na afirmação de que “todos os homens nascem bons, mas a sociedade os torna perversos”. No seu Discurso sobre as Origens e Fundamentos da Desigualdade entre os Homens, sustenta a idéia de que os homens se tornam maus por causa das instituições. 
Antigamente, os homens não tiveram outros reis além dos deuses, nem outro governo que não o teocrático. Foi necessária uma longa alteração de sentimentos e idéias para que se resolvesse tomar um semelhante como senhor e persuadir-se de que isso constituía um bem. Importa ao estado que cada cidadão tenha uma religião que o faça amar os seus deveres. Bom seria, pois, uma profissão de fé meramente civil cujos dogmas devem ser simples e enunciados com precisão.
Tais fundamentos servem de base para Rousseau defender a necessidade de uma religião que sirva de instrumento à política com o objetivo de que a manutenção do Estado seja assegurada.
A relevância da religião civil na teoria política do Contrato está no fato de que a religião faz o cidadão amar os seus deveres. Isso aumenta a possibilidade do cidadão cumpri-los.

Palavras-chave: dogma, religião civil, Jean-Jacques Rousseau.
 
Joyce Neves de Camposmelledulcior@yahoo.com.br

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Apresentação dinâmica de feudalismo (Ensino Fundamental II)

Síntese do trabalho de escrita da história familiar

Primeiro Passo - Escolher um parente e um momento específico da vida dessa pessoa.
Exemplo: A avó. Momento importante para ela, quando ficou grávida de um dos seus pais, como foi toda a preparação para receber o bebê. Ou quando um dos seus parentes veio morar em São Paulo, como foi a viagem. Ou ainda, se na época o impeachment do presidente Collor, ou das Diretas Já, como esse seu parente participou.
Segundo Passo – Entrevistar alguém que possa contar essa história. Pode ser mais de uma pessoa, isto irá enriquecer seu trabalho. Lembre-se de anotar o nome da pessoa entrevistada e a data da entrevista.
Cabe a você elaborar as melhores perguntas. Siga as primeiras perguntas propostas, e depois vá perguntando de acordo com as informações que receber.
Perguntas propostas:
Qual seu parentesco com a pessoa?
Como você ficou sabendo da história?
Em que época isto aconteceu? Quem era o presidente da época, quem era o cantor famoso, o que estava na moda para fazer?
Terceiro Passo – Pesquisa sobre o contexto
De acordo com as informações sobre em que época isso aconteceu, escreva um parágrafo sobre o período da história que você está pesquisando.
Quarto passo – finalização
Escreva um texto em que você contará, com suas palavras, a história que vc pesquisou.
Ao final, diga as informações que você aprendeu sobre a história do seu parente. Ou seja, como a pesquisa lhe ensinou história.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Projeto sobre contos de fada no Antigo Regime


Analisar historicamente um conto de Fadas

1º Escolher um conto: A gata Borralheira / Chapeuzinho Vermelho / A bela Adormecida /

2º Ler e fazer anotações de elementos que são ficção / históricos e regionais. Buscar a definição dos elementos históricos (peça auxilio ao professor).
Lembre de aspectos do Antigo Regime europeu: o ambiente de urbano e rural, o perigo das florestas, o medo das superstições, as profissões medievais, a fome por causa da falta de alimentos, a morte por causada peste.

3º Elabore uma versão alternativa para o conto, de acordo com você gostaria que fosse. E no final explique porque você mudou alguns elementos do conto.

4º Faça um desenho como capa do seu trabalho.

Exemplo

Conto de Rumpelstilstikin

Cultural
Ficção
moleiro
Fiar palha em ouro
rei
Homenzinho mágico
Palácio
unicórnio
Roca
Bruxas
Bobina
Feitiço de sumir
Poder do rei para matar
 
Medo da floresta
 

Moleiro era o homem responsável por moer trigo e outros cereais.

O rei era o chefe maior da nação. Naquele tempo a sua palavra era lei, e ele mandava e desmandava quando tinha necessidade.

Palácio era a construção central de uma vila, as feiras e demais construções urbanas se encontravam ao seu redor.

Roca e bobina são instrumentos pré-revolução industrial que serviam para fiar lã, ou algodão e transforma-lo em linha para o tecido.

A floresta era um lugar visto como hostil, pois representava um espaço longe dos olhos do Estado, e as pessoas tinham de se manter nas cidades e no campo para trabalhar.

 

 

 

Projeto sobre iluminuras medievais


Atividade:

Analisar e elaborar uma história sobre um episódio da Idade Média.

Passos:

1º Escolher entre os seguintes temas: Cavalaria / morte / normas de amor / vida religiosa

2º escolher uma das iluminuras

Textos:

Cavalaria:

“A glória dos soberanos consiste em orgulho e em empreender coisas muito perigosas; todos os poderes principais convergem num único ponto: orgulho” Chastellain

Le Jouvencel –

É coisa alegre a guerra...

Amamos nossos companheiros na guerra (...)

nos dispomos a morrer ou viver com eles e, por amor, não abandona-los.

Pensam que um homem que faz isso teme a morte? De modo nenhum. Na verdade ele não teme nada.”

 

Morte:

 “Convento em Avignon –

Já fui a mais bela das mulheres,

mas graças à morte fiquei assim.

Morava como queria, num grande palácio,

agora moro neste pequeno sarcófago.

Meu quarto era decorado com belos tapetes,

agora minha cova e rodeada por aranhas.”

 

“trabalhador que em preocupação e esforço

Todo o seu tempo viveste

Tens de morrer, isto é certo

Não adianta fugir ou resistir

Da morte tens que ficar contente

Pois te libertará da grande preocupação” (anônimo)

 

Amor

“Senhora minha, desde que vos vi,

lutei para ocultar esta paixão

que me tomou inteiro o coração;

mas não o posso mais e decidi

que saibam todos o meu grande amor,

a tristeza que tenho, a imensa dor

que sofro desde o dia em que vos vi.” (Afonso Fernandes)

 

3º Identificar nas gravuras os elementos medievais

Lembre de comentar os seguintes aspectos

Cavalaria – os textos apresentam a guerra e a morte como coisas positivas, ou honradas? Como você consegue perceber a religiosidade na cavalaria? Você acha a guerra honrada?

Morte – A morte e a beleza estabelecem um contraste ou uma semelhança? O que a morte traz de positivo para homem na visão cristã? Você acha que a morte é positiva?

Amor – Há como perceber paixão nas gravuras? A beleza física (estética) é enfatizada de alguma forma? Porque sim, ou porque não. O que você notou de semelhante com os tempos modernos?

4º Elabore uma história om base da gravura que escolheu. Pode ser uma história em quadrinhos, ou um texto em prosa.

Batalha de Azincort


Amor cortês codex manessee sec XIV


Romance de Rosa séc XV


Mulheres guerreiras 1425


A morte da babá e da criança


Dança Macabra - 1485


dança macabra do Paraíso e Inferno 1493


Cruzados em Jerusalém


Cortejar séc XIV


casal na idade Média


Dança macabra do clérigo e eremita - 1486


Batendo na esposa séc XIII


Batalha de Agincort - 1495


Amor cortês 2


Dança macabra - 1492


Três vivos e três mortos


Amor cortês


João e Maria

Às margens de uma extensa mata existia, há muito tempo, uma cabana pobre, feita de troncos de árvore, na qual morava um lenhador com sua segunda esposa e seus dois filhinhos, nascidos do primeiro casamento. O garoto chamava-se João e a menina, Maria.
A vida sempre fora difícil na casa do lenhador, mas naquela época as coisas haviam piorado ainda mais: não havia comida para todos.
Minha mulher, o que será de nós? Acabaremos todos por morrer de necessidade. E as crianças serão as primeiras.
- Há uma solução… - disse a madrasta, que era muito malvada. Amanhã daremos a João e Maria um pedaço de pão, depois os levaremos à mata e lá os abandonaremos.
O lenhador não queria nem ouvir falar de um plano tão cruel, mas a mulher, esperta e insistente, conseguiu convencê-lo.
No aposento ao lado, as duas crianças tinham escutado tudo, e Maria desatou a chorar.
- Não chore, tranqüilizou-a o irmão. Tenho uma idéia.
Esperou que os pais estivessem dormindo, saiu da cabana, catou um punhado de pedrinhas brancas que brilhavam ao clarão da lua e as escondeu no bolso. Depois voltou para a cama.
No dia seguinte, ao amanhecer, a madrasta acordou as crianças.
As crianças foram com o pai e a madrasta cortar lenha na floresta e lá foram abandonadas.
João havia marcado o caminho com as pedrinhas e, ao anoitecer, conseguiram voltar para casa.
O pai ficou contente, mas a madrasta, não. Mandou-os dormir e trancou a porta do quarto. Como era malvada, ela planejou levá-los ainda mais longe no dia seguinte.
João ouviu a madrasta novamente convencendo o pai a abandoná-los, mas desta vez não conseguiu sair do quarto para apanhar as pedrinhas, pois sua madrasta havia trancado a porta. Maria desesperada só chorava. João pediu-lhe para ficar calma e ter fé em Deus.
Antes de saírem para o passeio, receberam para comer um pedaço de pão velho. João, em vez de comer o pão, guardou-o.
Ao caminhar para a floresta, João jogava as migalhas de pão no chão, para marcar o caminho da volta.
Chegando a uma clareira, a madrasta ordenou que esperassem até que ela colhesse algumas frutas, por ali. Mas eles esperaram em vão. Ela os tinha abandonado mesmo!
- Não chore Maria, disse João. Agora, só temos é que seguir a trilha que eu fiz até aqui e ela está toda marcada com as migalhas do pão.
Só que os passarinhos tinham comido todas as migalhas de pão deixadas no caminho.
As crianças andaram muito até que chegaram a uma casinha toda feita com chocolate, biscoitos e doces. Famintos, correram e começaram a comer.
De repente, apareceu uma velhinha, dizendo: - Entrem, entrem, entrem, que lá dentro tem muito mais para vocês.
Mas a velhinha era uma bruxa que os deixou comer bastante até cair no sono em confortáveis caminhas.
Quando as crianças acordaram, achavam que estavam no céu, parecia tudo perfeito.
Porém a velhinha era uma bruxa malvada que e aprisionou João numa jaula para que ele engordasse. Ela queria devorá-lo bem gordo. E fez da pobre e indefesa Maria, sua escrava.
Todos os dias João tinha que mostrar o dedo para que ela sentisse se ele estava engordando. O menino, muito esperto, percebendo que a bruxa enxergava pouco, mostrava-lhe um ossinho de galinha. E ela ficava furiosa, reclamava com Maria:
- Esse menino, não há meio de engordar.
- Dê mais comida para ele!
Passaram-se alguns dias até que numa manhã assim que a bruxa acordou, cansada de tanto esperar, foi logo gritando:
- Hoje eu vou fazer uma festança. Maria ponha um caldeirão bem grande, com água até a boca para ferver e dê bastante comida paro seu o irmão, pois é hoje que eu vou comê-lo ensopado.
Assustada, Maria começou a chorar.
- Acenderei o forno também, pois farei um pão para acompanhar o ensopado, a bruxa falou.

Ela empurrou Maria para perto do forno e disse:
- Entre e veja se o forno está bem quente para que eu possa colocar o pão.
A bruxa pretendia fechar o forno quando Maria estivesse lá dentro, para assá-la e comê-la também, mas Maria percebeu a intenção da bruxa e disse:
- Ih! Como posso entrar no forno, não sei como fazer?
- Menina boba! - disse a bruxa. Há espaço suficiente, até eu poderia passar por ela.
A bruxa se aproximou e colocou a cabeça dentro do forno. Maria, então, deu-lhe um empurrão e ela caiu lá dentro. A menina, então, rapidamente trancou a porta do forno deixando que a bruxa morresse queimada.
Maria foi direto libertar seu irmão.
Estavam muito felizes e tiveram a idéia de pegarem o tesouro que a bruxa guardava e ainda algumas guloseimas .
Encheram seus bolsos com tudo que conseguiram e partiram rumo a floresta.

Depois de muito andarem atravessaram um grande lago com a ajuda de um cisne.
Andaram mais um pouco e começaram a reconhecer o caminho e viram ao longe a pequena cabana do pai.
Ao chegarem na cabana encontraram o pai triste e arrependido. A madrasta havia morrido de fome e o pai estava desesperado com o que fez com os filhos.
Quando os viu, o pai ficou muito feliz e foi correndo abraçá-los. Joãozinho e Maria mostraram-lhe toda a fortuna que traziam nos seus bolsos, agora não haveria mais preocupação com dinheiro e comida e assim foram felizes para sempre.

Chapeuzinho Vermelho


(Charles Perrault)

Era uma vez uma garota da aldeia, a mais bonita que jamais se viu: sua mãe era doida por ela e a senhora sua avó mais doida ainda. Esta boa mulher mandou-lhe fazer um capuchinho vermelho e tão bem ele lhe ficava, que por toda a parte lhe chamavam o Capuchinho Vermelho.

Um dia, depois de ter preparado e cozido um folar, disse-lhe a mãe:

– Vai lá ver como é que está a senhora tua avó, pois me disseram que estava doente. Leva-lhe este bolo e esta tigelinha de manteiga.

E logo o Capuchinho Vermelho se pôs a caminho até casa da senhora sua avó, que morava numa outra aldeia. Ao passar alegremente por uma floresta, encontrou o compadre lobo, que bastante vontade teve de a comer; mas não se atreveu, por causa de uns lenhadores que por ali andavam na mata. Perguntou-lhe onde ia ela. A pobre menina, que não sabia quão perigoso é dar ouvidos a um lobo, disse-lhe:

– Vou ver a minha avozinha e levar-lhe um bolo, mais uma tigelinha de manteiga que a minha mãe aqui lhe manda.

– E ela mora muito longe? – perguntou-lhe o lobo.

– Oh se mora! – disse o Capuchinho Vermelho. Mora lá por detrás do moinho que vedes lá longe, na primeira casa da aldeia.

– Pois bem! – disse o lobo. O lobo muito esperto lhe falou dos perigos de uma menina andar desacompanhada pela floresta, e aproveitando-se de sua ingenuidade, ele lhe recomendou o caminho mais longo como atalho, e inocentemente a garotinha seguiu o conselho.

O lobo desatou a correr com toda a força pelo caminho que era mais curto e a garota lá foi pelo mais comprido, entretendo-se a apanhar avelãs, a correr atrás das borboletas e a fazer raminhos com as flores que ia vendo.

Não tardou o lobo a chegar à casa da avozinha; bate à porta: toc, toc.

– Quem é? – Perguntou a avozinha.

– É a sua netinha, o Capuchinho Vermelho – disse o lobo, imitando-lhe a voz – que aqui lhe traz um bolo e uma tigelinha com manteiga que a minha mãe lhe manda.

A boa da avozinha, que estava na cama por se sentir um tanto doente, gritou-lhe:

– Puxa pela guitinha que alevantas a tranquinha.

O lobo puxou pela guitinha e a porta abriu-se. Atirou-se à pobre mulher e devorou-a num abrir e fechar de olhos, pois há mais de três dias que o lobo não comia. Em seguida, o lobo colocou todo seu sangue numa garrafa, fatiou sua carne num prato, comeu e bebeu satisfatoriamente, guardou as sobras na despensa, vestiu a camisola da idosa e esperou na cama a chegada da menina.

A seguir fechou a porta e foi deitar-se na cama da avozinha, à espera do Capuchinho Vermelho que, daí a pouco, batia à porta: toc, toc.

– Quem é? – disse o lobo.

Ao ouvir a voz grossa do lobo, o Capuchinho Vermelho assustou-se, mas julgando que a avozinha estava constipada, respondeu:

– É a sua netinha, o Capuchinho Vermelho, que aqui lhe traz um bolinho e uma tigelinha de manteiga, que a minha mãe lhe manda.

Gritou-lhe o lobo, fazendo a voz um pouco mais fina:

– Puxa pela guitinha que alevantas a tranquinha E coma algo, tem carne e vinho na despensa. - O Capuchinho Vermelho puxou a guitinha e a porta abriu-se.

A Menina comeu o que lhe foi oferecido, e enquanto se servia, o gato de sua vó a observava aos murmúrios: "Meretriz! Então, comes a carne e bebes o sangue de tua própria avó com gosto. Ata teu destino ao dela."

Após a garota se alimentar, o Lobo então escondendo-se dentro da cama por baixo do cobertor disse cheio de malícia:

- Põe o bolinho e a tigelinha com manteiga em cima da arca e venha para cama comigo.

O Capuchinho Vermelho trata de se meter na cama, onde muito espantada fica ao sentir o toque do pelo em seu corpo e disse:

- Como a senhora é peluda vovó. – exclamou Chapeuzinho

- É para te esquentar, minha neta. - respondeu o lobo.

- Que unhas grandes a senhora tem! - ela disse.

- São para me coçar, minha querida. - o lobo respondeu.

- Que ombros largos a senhora tem!

- São para carregá-la nas costas, minha jovem.

– Que grandes pernas que tem, avozinha!

– É para melhor correr, minha filha!

– Que grandes orelhas, que tem avozinha!

– É para melhor ouvir, minha filha!

– Que grandes olhos que tem, avozinha!

– É para melhor ver, minha filha!

- E que olhos grandes!

- São para te ver melhor.

- E que nariz grande!

- É para lhe cheirar melhor

- E que dentes grandes a senhora tem!

– É para te comer!

E dizendo estas palavras, o malvado do lobo atirou-se ao Capuchinho Vermelho e comeu-o.

Cinderela - A Gata Borralheira


Por: Charles Perrault

Era uma vez um nobre que se casou pela segunda vez com uma mulher que tinha um temperamento terrível, orgulhosa, vaidosa e arrogante. Tinha duas filhas tão orgulhosas e de mau gênio quanto a mãe. O nobre, por sua vez tinha uma linda filha que era a própria doçura e bondade. Cinderela era seu nome, ela herdara a beleza deslumbrante e o temperamento gentil de sua mãe.

Logo após o casamento a madrasta pôs a mostra o seu mau gênio. Detestava as qualidades da enteada, que faziam suas filhas parecerem ainda mais detestáveis. Incumbiu-lhe dos serviços mais pesados e grosseiros da casa. Era ela ainda menina que lavava toda louça e a roupa da casa, e as escadarias, e ainda limpava e arrumava os quartos. Seu quarto, na casa em que outrora era toda sua, agora era o sótão, enquanto sua madrasta e irmãs dormiam em quartos luxuosos, atapetados, ricamente decorados e com amplos espelhos, onde passavam horas se olhando.

Cinderela suportava tudo com paciência. Não se queixava com o pai que mais parecia estar enfeitiçado pela nova esposa. Todos os dias após terminar seu trabalho ela se sentava junto à lareira, no meio às cinzas, por isso todos a chamavam de Gata borralheira.

Certo dia, o príncipe resolveu dar um baile e convidar todas as pessoas importantes do reino, e a família da Gata Borralheira por ser da nobreza estava incluída. As irmãs ficaram eufóricas, ocupadíssimas, passavam todas as suas horas a escolher roupas, sapatos, joias e penteados com que iriam ao baile. O que significava mais e mais trabalho para Cinderela que além de seu trabalho habitual tinha que lavar e passar toneladas de vestidos.

“Acho que vou usar meu vestido de veludo azul com gola de renda inglesa”, dizia a mais velha.

“Vou usar minha saia bordô com meu mantô de flores douradas e meu broche de diamantes”, dizia a segunda.

 Fizeram vir o melhor cabeleireiro da região para que ficasse totalmente a disposição delas, fazendo os penteados mais rebuscados, mas quanto mais tentavam ser elegantes mais sua feiura era ressaltada. A toda hora chamavam Cinderela para dar opinião, pois sabiam que era educada e tinha bom gosto. Cinderela, de boa vontade deu os melhores sugestões, e elas lhe perguntaram: “Cinderela, você gostaria de ir conosco ao baile?”

 “Pobre de mim! Nem tenho o que vestir. Vocês estão é zombando de mim”.

“Tem razão, todos dariam boas risadas se vissem uma Gata Borralheira entrando no baile!”.

Cinderela, entretanto era muito bondosa, e não se ofendia, ajudando no que podia para que elas ficassem com o melhor aspecto possível.

Finalmente chegou o grande dia. Elas começaram a se arrumar desde as primeiras horas da manhã e quando chegou a hora, partiram. Cinderela ficou vendo-as se afastar e começou a chorar.

Sua madrinha chegou, viu-a nesse estado e perguntou por que chorava:

“Eu gostaria tanto e ir ao baile” e caiu novamente em prantos. O que Cinderela não sabia é que sua madrinha era uma fada, e a madrinha disse:

“Eu farei com que você vá ao baile”. A fada madrinha lhe disse: “Vá ao jardim e traga-me uma abóbora”.

 Cinderela procurou a abóbora maior e mais bonita que pode encontrar e a levou para a madrinha. Não podia imaginar como aquela abóbora poderia ajudá-la a ir ao baile. A madrinha tocou a abóbora com uma varinha, e esta se transformou em uma linda carruagem dourada. Depois se dirigiu às ratoeiras da casa apanhando seis gordinhos camundongos. Tocou-lhes com sua varinha transformando-os em belos cavalos. Agora era preciso achar um cocheiro. A madrinha tocou com a varinha no cachorro da casa e ele se transformou em um cocheiro de longos cabelos castanhos.

Em seguida disse: “Vá ao jardim e traga seis lagartos”.

Assim que ela os trouxe a madrinha os transformou em seis mordomos.

A fada se virou para Cinderela tocou com sua varinha nas suas vestes pobres que imediatamente foram transformadas em um lindo vestido rosa bordado em ouro; seus cabelos ficaram penteados, belas joias adornaram seu pescoço e em seus pés surgiu o mais belo par de sapatinhos de cristal.

“Sapatinhos de Cristal para mim!”, disse Cinderela.

“Sim! Para você.”, disse a fada.

Cinderela montou na carruagem. Sua madrinha lhe recomendou que acima de tudo, não passasse da meia noite, pois nesse instante toda magia irá desaparecer. Cinderela prometeu que sairia do baile antes da meia noite.

Então partiu para o baile, não cabendo em si de tanta alegria.

Enquanto isso, no baile, o príncipe estava desanimado, cercado de moças evidentemente interesseiras, frívolas e vazias, e saiu ao ar livre para tomar um pouco de ar e tomar fôlego, e nessa hora Cinderela chegou ao baile. Ao ver aquela lindíssima moça na carruagem ele ficou encantado e correu para recebê-la. Deu-lhe a mão ajudando-a a descer da carruagem e a conduziu ao salão onde estavam todos os convidados. O rei, percebendo o interesse do filho pela moça não cabia em si de felicidade, pois estava louco para ver o filho casado e com herdeiros. Quando Cinderela entrou fêz-se um grande silêncio; todos pararam de dançar e os violinos emudeceram tal era a atenção com que contemplavam a grande beleza da desconhecida. Todos achavam se tratar de uma princesa e só se ouvia murmúrios: “Ah, como é bela!”.

O príncipe conduziu Cinderela ao lugar de honra e depois a tirou para dançar, e ela dançava com tanta graça que a todos encantava. Comeu uma ceia maravilhosa, ficou frente a frente com suas irmãs que em nem um momento a reconheceram e estavam encantadas com ela, pensando que se tratasse de uma princesa estrangeira. Mas o príncipe logo que pode voltou a dançar com ela, e dançaram por horas. Cinderela estava tão envolta com o príncipe que não percebeu o tempo passar, foi quando então ouviu soar um quarto para a meia-noite. Sem pestanejar fez uma reverência e saiu correndo tão inesperada e rapidamente que o príncipe ficou sem ação.

Só foi o tempo de chegar em casa e o encanto se desfez, voltando tudo a ser como era. Cinderela foi falar com a sua madrinha, contou como foi o baile, agradeceu-lhe muito e disse que gostaria muito de ir novamente ao baile do dia seguinte, pois o príncipe a convidara.

Enquanto conversava com a madrinha as irmãs e a madrasta chegaram e bateram à porta. Cinderela foi abrir.

- “Como demoraram a chegar!”, disse, bocejando, esfregando os olhos e se espreguiçando como se tivesse acabado de acordar. As irmãs queriam espezinhá-la e não paravam de contar coisas magníficas sobre o baile: “Se você tivesse ido ao baile teria visto a mais bela princesa que já apareceu neste reino, ela ficou nossa amiga, não parava de conversar conosco!”.

Cinderela sorriu e lhes disse: “Ela era bonita mesmo”? Que sorte vocês tiveram!

No dia seguinte, Cinderela voltou ao baile ainda mais magnificamente trajada que da primeira vez. Usava um vestido verde, da cor de seus olhos. Como na primeira noite o príncipe ficou todo o tempo junto dela e não parou de lhe sussurrar palavras doces. A jovem estava se divertindo tanto dançando com seu amado que esqueceu o conselho da sua madrinha, e foi com um grande susto que escutou soar a primeira badalada da meia-noite. Libertou-se dos braços do príncipe e fugiu célere como uma corsa. O príncipe a seguiu, mas não conseguiu alcançá-la. Ela deixou cair um dos seus sapatinhos de cristal, que o príncipe pegou e guardou com todo cuidado.

Cinderela chegou em casa sem fôlego, sua carruagem virou uma abóbora que ficou aos pedaços pelo caminho, os lacaios voltaram a ser os bichinhos de antes e suas roupas os mesmos trapos de sempre.

Quando as irmãs e a madrasta voltaram do baile Cinderela perguntou como foi, se tinham se divertido e se a bela dama lá estivera. Responderam que sim, mas que fugira ao toque da décima segunda badalada.

Dias depois o príncipe mandou anunciar que se casaria com aquela cujo pé coubesse no sapatinho. Mandou enviados por todo o reino para experimentá-lo nas princesas, depois nas duquesas, e na corte inteira. Levaram-no às duas irmãs, que não mediram esforços para enfiarem seus pés nele, mas sem sucesso. Cinderela, que discretamente as observava, reconheceu seu sapatinho e disse, sorrindo: “Deixem-me ver se serve em mim”. As irmãs começaram a rir e a caçoar dela, porém o fidalgo que fazia a prova do sapato disse que o pedido era justo e que ele tinha ordens de experimentá-lo em todas as moças.

Pediu a Cinderela que se sentasse. Levou o sapato até seu pezinho e viu que cabia perfeitamente, como um molde de cera. O espanto da madrasta e das irmãs foi grande, mas maior ainda quando Cinderela tirou do bolso o outro sapatinho e o calçou. Neste instante a madrinha entrou pela sala e tocando-a com sua varinha os trapos de Cinderela, transformou-os de novo em seu esplêndido vestido.

As duas irmãs pasmas perceberam que Cinderela era a linda princesa que tinham visto no baile. Jogaram-se aos seus pés para lhe pedir perdão por todos os maus tratos que a tinham feito sofrer. Cinderela perdoou tudo, abraçando-as.

Levaram Cinderela até o príncipe, suntuosamente vestida como estava. Ela lhe pareceu mais bela que nunca e poucos dias depois estavam casados. Cinderela, que era tão boa quanto bela, casou as duas irmãs com dois grandes senhores da corte, mas preferiu nunca mais vê-las, por uma questão de segurança.

A Bela adormecida



Há muito tempo, viviam um rei e uma rainha que todos os dias diziam: “Ah, se nós tivéssemos uma criança!”, e nunca conseguiam uma. Aí aconteceu que, uma vez em que a rainha estava se banhando, um sapo rastejou para fora da água e lhe disse “Seu desejo será realizado; antes que se passe um ano, você dará à luz uma menina”. Aquilo que o sapo dissera aconteceu, e a rainha teve uma menina que era tão formosa que o rei mal se continha de felicidade, e preparou uma grande festa. Ele não apenas convidou seus parentes, amigos e conhecidos, como também as fadas, a fim de obter suas boas graças para a criança. Havia treze delas em seu reino, mas como ele só possuía doze pratos de ouro, nos quais elas poderiam comer, uma delas teria de ficar em casa. A festa foi celebrada com toda a pompa e, quando chegou ao fim, as fadas presentearam a criança com dotes mágicos: uma com a virtude, outra com a formosura, a terceira com riqueza, e assim com tudo o que há de desejável no mundo. Quando onze já tinham falado, entrou de repente a décima terceira. Ela queria se vingar por não ter sido convidada e, sem cumprimentar ou mesmo olhar para quem quer que seja, exclamou aos brados: “A princesa deverá espetar-se em um fuso quando tiver quinze anos, e cair morta.” E sem dizer mais nada, virou as costas e deixou o salão. Todos estavam assustados, e então se adiantou a décima segunda, que ainda não tinha feito seu desejo, e como não podia anular a maldição, mas apenas abrandá-la, ela disse: “A princesa não morrerá, apenas cairá em um sono profundo que durará cem anos.”

 

O rei, que queria salvar sua querida criança do infortúnio, ordenou que todos os fusos do reino inteiro fossem queimados. Na menina, entretanto, realizaram-se plenamente todos os dons das fadas, pois ela era tão bela, educada, gentil e sensata que todos que a viam não podiam deixar de gostar dela. Sucedeu que, justamente no dia em que ela completava quinze anos, o rei e a rainha não estavam em casa, e a menina estava sozinha no castelo. Ela andou então por todos os cantos, examinou à vontade aposentos e câmaras, e finalmente chegou até uma velha torre. Subiu a estreita escada em espiral e deparou-se com uma pequena porta. Na fechadura havia uma chave enferrujada e, quando ela a girou, a porta se abriu de um só golpe e lá, em um quartinho, estava sentada uma velha com um fuso, fiando diligentemente seu linho. “Bom dia, velha mãezinha”, disse a princesa, “o que você está fazendo aí?” “Eu estou fiando,” disse a velha, e balançou a cabeça. “O que é isto, que pula tão alegremente?” perguntou a menina, e pegou o fuso querendo também fiar. Mal ela tinha tocado o fuso, a maldição se realizou, e ela espetou-se no dedo.

 

Mas, no mesmo instante em que foi picada, ela caiu na cama que ali estava, e foi tomada de um profundo sono. E este sono estendeu-se por todo o castelo: o rei e a rainha, que tinham acabado de chegar e entrado no salão, começaram a dormir, e com eles toda a Corte. Dormiram então também os cavalos no estábulo, os cachorros no pátio, as pombas no telhado, as moscas na parede, e até o fogo, que chamejava no fogão, ficou imóvel e adormeceu, e o assado parou de crepitar, e o cozinheiro, que queria puxar seu ajudante pelos cabelos porque ele havia feito uma coisa errada, soltou o menino e dormiu. E o vento assentou-se, e nas árvores defronte ao castelo nem uma folhinha se movia.

Ao redor do castelo começou porém a crescer uma cerca de espinhos, que a cada ano ficava mais alta e que, por fim, estendeu-se em volta de todo o castelo e cobriu-o de tal forma que nada mais se podia ver dele, nem mesmo a bandeira sobre o telhado. Começou então a correr no país a lenda da bela adormecida, pois assim era chamada a princesa, de modo que de tempos em tempos chegavam príncipes que tentavam penetrar no castelo através da cerca viva. Mas nenhum deles conseguiu, pois os espinhos estavam tão entrelaçados como se tivessem mãos, e os jovens ficavam presos neles e não conseguiam se soltar, sofrendo uma morte lastimável. Depois de muitos anos, chegou mais uma vez um príncipe ao reino e ouviu quando um velho contava da cerca de espinhos, e que havia um castelo atrás dela, no qual uma linda princesa, chamada Bela Adormecida, já dormia há cem anos, e com ela dormia o rei e a rainha e toda a corte. Ele também sabia pelo seu avô que muitos príncipes já haviam vindo e tentado penetrar pela cerca viva de espinhos, mas haviam ficado presos nela e morrido tristemente. O jovem então disse: “Eu não tenho medo, eu quero ir lá e ver a Bela Adormecida.” O bom velho tentou dissuadi-lo de todos os modos, mas ele não deu ouvidos às suas palavras.

 

Mas agora os cem anos tinham justamente acabado de transcorrer, e havia chegado o dia em que Bela Adormecida deveria acordar. Quando o príncipe se aproximou da cerca de espinhos, estes não eram agora mais do que flores grandes e bonitas que por si sós se abriram e o deixaram passar ileso, e se fecharam atrás dele, formando novamente uma cerca. No pátio do castelo ele viu os cavalos e os cães de caça malhados deitados e dormindo, no telhado estavam pousadas as pombas, e tinham a cabecinha metida debaixo da asa. E quando ele entrou na casa, as moscas dormiam na parede, o cozinheiro na cozinha ainda levantava a mão como se quisesse agarrar o menino, e a criada estava sentada diante da galinha preta que deveria ser depenada.

 

Ele então continuou andando, e avistou no salão toda a corte deitada e dormindo, e lá em cima, perto do trono, estavam deitados o rei e a rainha. Aí ele continuou andando ainda mais, e tudo estava tão quieto que se podia ouvir sua respiração, e chegou finalmente à torre e abriu a porta do quartinho, no qual Bela Adormecida dormia. Lá estava ela deitada, e era tão bela que ele não conseguia desviar os olhos, e ele se inclinou e beijou-a. Quando ele a tinha tocado com os lábios, Bela Adormecida abriu os olhos, acordou e olhou para ele amavelmente. Então os dois desceram, e o rei acordou, e a rainha e toda a corte, e se olharam espantados. E os cavalos no pátio se levantaram e se sacudiram; os cães de caça pularam e abanaram suas caudas; as pombas no telhado tiraram a cabecinha de sob a asa, olharam ao redor e voaram para o campo; as moscas nas paredes recomeçaram a rastejar; o fogo na cozinha levantou-se, chamejou e cozinhou a comida; o assado voltou a crepitar; e o cozinheiro deu um tamanho tabefe no menino que este gritou; e a criada terminou de depenar a galinha. E aí foram festejadas com todas as pompas as bodas do príncipe com a Bela Adormecida, e eles viveram felizes até o fim.