sábado, 5 de março de 2016

INTIFADA Palestine Up Rising


O primeiro homem que cercou um pedaço de terra, que veio com a ideia de dizer "isto é meu", e encontrou gente simples o bastante para acreditar nele, foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Quanto crimes, guerras e assassinatos derivam desse ato! De quanta miséria e horror a raça humana poderia ter sido poupada, se alguém simplesmente tivesse arrancado as estacas, enchido os buracos e gritado para seus companheiros: Não deem ouvidos a esse impostor, estarão perdidos se esquecerem que os frutos da terra pertencem a todos, e que a terra, ela mesma, não pertence a ninguém. Discurso sobre a Origem da Desigualdade, Rousseau

De onde vem toda essa disputa por terra, todas perseguições aos que estão assentados em um lugar? Por que esse desejo de não compartilhar a terra com o seu próximo?
No conflito Palestino-israelense vemos as duas mais primitivas organizações do mundo fazendo perfeitamente o seu papel, o Estado e a Religião incentivando as pessoas para lutar contra outro ser humano e tomar-lhe a terra. O Estado precisa de uma terra, um controle, um local para plantar suas raízes e desenvolver-se com suas tributações e suas grandes obras, alimentado o espirito de alguns homens. Fazendo-os pensar que são grande coisa (quando na verdade não passam de microssomos perdidos em um insignificante ponto do universo (como bem expressou Karl Sagan em "A pale blue dot").
 E para sustentar essa sanha de poder, sem que os subalternos percebam a ganância pessoal de determinadas pessoas, o Estado serve-se do órgão de manipulação oficial (não-oficial) a Religião. Esta responsável por produzir um discurso que internalize nos membros de uma sociedade os valores ambicionados pelo Estado. Como bem expressou Marx: "a religião é o ópio do povo", mais ainda, "é o coração de um povo sem coração". A Religião amacia as consciências ao ponto de justificar atos desumanos como se fossem inquestionavelmente justos. Centenas de crimes foram e são cometidos amparados no discurso religioso de que "foi o meu deus que falou..."
Desde a antiguidade os povos fazem isso. A Bíblia mostra como os antigos Hebreus (não confundir com os atuais Israelenses) expulsavam os povos mais fracos, e pactuavam com os poderosos para ter uma terra sua. No antigo Egito, a civilização do Alto-Egito entrou em diversos conflitos com os Hebreus, Hicsos e Núbios pela legitimação de sua posse sobre as duas partes do Nilo (Baixo-Egito (ao norte, o Delta do Nilo), e Alto-Egito, ao sul (nas terras altas da cabeceira do Nilo).
Os Persas avançando sobre os Gregos, os Gregos sobre os Persas, os Romanos sobre os Cartagineses e a completa pulverização daquela civilização, quando Roma determinou: "Delenda est Cartago" (apaguem Cartago).
E isso continuou, com Gengis-Khan sobre a China, o Japão sobre a China, a China sobre o Tibet, Portugal e Espanha sobre os Ameríndios, Africanos e Asiáticos, Franceses sobre toda Europa, Alemães sobre os Judeus Europeus, Estadunidenses sobre Árabes, skinheads Brasileiros sobre Nordestinos, Argentinos contra os seus negros.
O povo da Palestina, antes, sempre conviveu com os Judeus Palestinos, desde os tempos Bizantinos, durante o império Turco-otomano, até que no fim do século XIX, um grupo de Judeus chamados de Sionistas buscava uma terra para organizar o seu próprio Estado, como dissemos no começo, um Estado deseja uma terra para usufruir de suas riquezas, ter um povo para lhe render tributos e honras.
O tempo propício para isso foi após a Segunda guerra, quando o mundo ficou chocado com o que os nazistas fizeram com os Judeus. Embora os sionistas tivesse poder de influência para evitar a mortandade de 6 milhões de Judeus e não fizeram, se aproveitaram da situação para invadir uma terra.
A justificativa apresentada à ONU era que os Judeus eram um poco errante pelo mundo, um povo sem terra. E a escolha deles para uma terra foi segundo uma indicação religiosa. Usaram a Bíblia, um livro usado para a religião, que conta a história de alguns povos antigos, que não existem mais, para justificar a posse sobre o território chamado de Palestina.
Talvez, devido à ignorância das pessoas, esse discurso religioso, pautado em falacia, coube como luva. As pessoas (Judeus e Cristãos) aceitaram que os judeus atuais são a continuidade ininterrupta da antiga civilização Hebreia. - Isso é explicado por uma ideologia que surgiu nos últimos séculos, o positivismo, com suas buscas pela formação de um Estado, e que para formá-lo precisa justificar-se com uma história heroica de como esse Estado se originou. Todos Estados modernos desenvolvem o mito fundador, buscam algo no passado para selecionar o que pode tornar determinado Estado digno. 
Os sionistas fizeram que em plena civilização moderna (quando a religião e o Estado estão separados, quando a religião, finalmente, passou para o fórum íntimo) a opinião pública Ocidental acatasse o texto religioso como base legal para a ONU dar uma terra aos Judeus.
Até acho que se um povo quer ser assim, que vivam assim, com suas leis religiosas, desde que não firam a ninguém. O que não ocorreu, e dificilmente em uma sociedade religiosa pode ocorrer pacificamente. Em primeiro lugar, os Judeus pelo mundo, exceto os sionistas, nunca lutaram pela posse da Palestina. Até porque, a Palestina sempre foi terra de peregrinação de pessoas judias, cristãs e muçulmanas. 
Em segundo lugar, naquela terra já havia moradores, obvio que não desde de sempre, porque todos os seres humanos seguem migrando por terras em busca de estabelecer sua descendência. Naquela terra, de acordo com a própria Bíblia, havia na Palestina dezenas de tribos que foram dizimadas pelos antigos Hebreus, que depois se tornaram outras dezenas de tribos, que depois se misturaram com outras mais, ficando basicamente uma hegemonia de Judeus, e Samaritanos, depois Árabes se assentaram ali, cristãos, alguns Judeus e Samaritanos ainda permaneceram. Mas aquela terra nunca foi somente dos Judeus, alias, cabe lembrar que o que os israelenses estão fazendo com a população Palestina é incompatível com o grau de civilidade do tempo em que vivemos. Quero dizer que assim como os Hebreus de uma época de violência justificada pela busca de poder, a Idade Antiga, hoje, o Estado de Israel faz o mesmo.


O racismo Israelense contra a população Palestina é algo que não pertence mais ao pensamento humano moderno. Em tempos de luta por reparação do povo Africano, em tempos que o Apartheid na África do Sul foi eliminado, em tempos que ideologias nazistas são até mesmo proibidas em diversos países (não no "berço da democracia moderna", os Estados Unidos, ali existe legalmente o Partido Nazista dos Estados Unidos da América, não é atoa que os Estadunidenses apoiam a ação de Israel.), torna-se insuportável que Israel tenha leis que prejudicam toda uma população.
Mas essa população, apesar de desassistida devidamente pela ONU (que presta um serviço claro de vistas grossas aos crimes de Israel), eles não são passivos nessa luta, NÃO, o povo Palestino luta e luta muito. Para não serem eliminados, como Roma fez a Cartago, eles resistem com grupos militares como o Hamas. Todavia, muito mais que o Hamas (o qual tenho grande respeito), existe uma força independente das organizações militares de Estado (como hoje é o Hamas), o povo Palestino luta, luta contra um gigante poderoso, luta contra o Estado de Israel que usa bombas e armas de alta tecnologia, e eles lutam com pedras, pedras encontradas dos destroços das bombas de Israel. Mulheres, jovens e idosas, homens crianças e adultos, pegam pedras, pegam estilingues, volvem suas cabeças não com capacetes blindados, mas com véus, e como a mítica história de Davi, eles atiram suas pedras contra o gigante, atiram constantemente, quanto mais o gigante avança, mas pedras são arremessadas. 
Talvez, os pequenos Davis recebam a tardia ajuda da ONU, mas talvez também, mesmo sem a ajuda da ONU, eles acertem a testa do gigante e cortem-lhe a cabeça. Fazendo a Palestina voltar a ser uma terra Santa, santa, não pela religião, mas santa porque ali, pessoas diferentes podem se assentar juntas, cultivar e repartir o fruto do solo que pertence a todo ser vivo.