Com um fio Teseu se orientou no labirinto, encontrou o minotauro e o matou. - Carlo Ginzburg
domingo, 8 de novembro de 2015
quinta-feira, 6 de agosto de 2015
Ensaio de carnaval
Esse texto é apenas um ensaio, um ensaio de carnaval, soteropolitanos entendem o duplo sentido.
De acordo com Peter Burke, e outros historiadores culturais, como Robert Darton, carnaval vem de tempos remotos da modernidade europeia com fortes traços de uma vida reprimida pelos laços do cristianismo, mas que encontrava em dias anteriores à terça-feira gorda e quarta de cinzas, um desabafo contra a ordem, contra os costumes e a moral.
A festa do carnaval é uma das poucas coisas, que agora me vem a mente, como um evento que se preservou quanto sua ideologia durante tantos séculos. Pois até aos dias de hoje, embora a sociedade não seja mais controlada pela igreja, ainda se mantem uma festa que se caracteriza pelo transgredir, no caso transgredir contra ordem burguesa.
O carnaval é transgressão, não se pode pensar outra coisa sobre essa festa. Antes a libertinagem contra os mandamentos religiosos, hoje, ainda uma libertinagem contra a moral burguesa (em parte de valores cristãos).
No carnaval antigo, ainda na Europa, as práticas pecaminosas e até mesmo criminosas eram frequentes, e às vezes ficavam sem receber punição, pessoas matavam indiscriminadamente animais (a exemplo do massacre dos gatos), fornicavam, roubavam seus patrões, blasfemavam contra o clero, se embriagavam e até vandalizavam o ambiente.
No carnaval atual, por atual me refiro ao carnaval brasileiro, do século XX e XXI, há ainda a embriaguez, o uso de drogas ilícitas, libertinagem sexual, pouca preocupação em manter a ordem das coisas, como era antigamente, a busca pela inversão de valores.
O carnaval atual, em toda sua atratividade, vidrou os olhos da burguesia bem comportada. Antes expressado pelos negros (uso o termo negros, pois embora não se possa dizer que há apenas negros nesse carnaval transgressor, foram os negros saídos da escravidão, com suas religiosidades, que melhor mantiveram o carnaval contra a religião e a moral da elite brasileira) com o seu batuque, seus blocos de rua e escolas de samba. Então esse mesmo tipo de carnaval brasileiro passou a ser frequentado por pessoas da classe média. Essas, em busca daquilo que o carnaval oferece de melhor, liberdade da ordem, transgressão.
Contudo, o burguês não deseja, mesmo no momento que busca a transgressão, a perda de seu status, assim, ele entra para o carnaval a fim de controlar a desordem e manter uma desordem em que ele possa se preservar, manter os negros no controle, como sempre vigorou, desde o tempo da escravidão.
Tomemos o carnaval baiano soteropolitano por exemplo. Os blocos de rua passaram a ter o controle e supervisão do Estado. Mas de acordo com a visão de Burke e Darton, um carnaval controlado vai contra o seu sentido. O carnaval burguês soteropolitano é uma não transgressão, ou seja, não é carnaval. Tudo bem, estou sendo radical, pois, embora controlado, nesses blocos burgueses, há uso de drogas, sexo livre e outras ações de desobediência às leis civis.
Ainda assim, o burguês trouxe o carnaval para o policiamento. O ato da prefeitura em legislar sobre como deve funcionar o carnaval é uma maneira de diminuir o espírito de transgressão. Quanto que, o carnaval dos negros mantendo uma desordem, preservou-se como o período de berrar alto contra o policiamento da vida civil.
Em Salvador, especificamente, há uma forte expressão desse carnaval, e não apenas no período tradicional da festa, mas todos os dias com suas bandas de música popular (pagode, samba, arrocha, sertanejo, forró e outras), músicas com letras de teor transgressivo, são tocadas todos os dias nas ruas, nos carros, nas festas de fim de semana. Esse carnaval transgressor, em Salvador, ultrapassa a quarta de cinzas e segue até a terça gorda do ano seguinte.
Como esse texto é um ensaio, não terei como ser justo com as bandas que promovem as músicas de carnaval (entenda-se, de transgressão). Mas apenas para marcar dois grupos que, por hora, me vêm à mente. Igor Kannário, com um carnaval bagunçado, um carnaval livre, ou seja, um carnaval, puxando um bloco sem corda (soteropolitanos entendem), sem preço, para todos que querem extravasar.
Por hora, para expressar esse momento carnavalesco, deixo aqui a letra da música de Kannário que transgride a ordem, quando ele diz na música que "é tudo é nosso (dos oprimidos), nada é deles (a elite)".
TUDO NOSSO E NADA DELES https://www.youtube.com/watch?v=Da7SnIZUiV4
Não bata de frente não,
Você sabe qual é meu plantão
O bonde é pesado fique ligado
Quando eu passar você vai ver
Não tô de bobeira, se der mole, eu
levanto a poeira
Não brinque com a mente e cole com a
gente
Que aqui a chapa é quente
É tudo nosso, nada deles, nada
deles, tudo nosso
É tudo nosso, é nada deles
É nada deles, nada deles tudo nosso
Tá ligado que eu sou barril
Tá ligado que eu sou barril dobrado
Tá ligado que eu sou barril
Tá ligado que eu sou barril dobrado
Outra banda, que trouxe músicas que excitam uma postura de protesto contra o controle da elite é o Fantasmão, um grupo que usa o pagode com letras que alertam ao burguês que ele pode querer se preparar para bater nos outros no carnaval, para enfrentar qualquer pessoa, mas com todo preparo, ele não sobrevive à um confronto com o grupo oprimido.
ELE DESCE https://www.youtube.com/watch?v=zVEwXONW_8w
Judô, Box Thailandês, o maninho se
acha o tal,
Treinava o ano inteiro para brigar
no carnaval,
Ele é forte, é raçudo,
Ele é grande, mais não é dois,
Se der certo na queixada a gente
come com arroz.
(REFRÃO)
Ele pode ser alto grande o que for,
panca no queixo ele desce
Ele desce,
Ele desce,
Ele desce,
Ele desce,
Ele pode ser alto grande o que for,
panca no queixo ele desce
Ele desce,
Ele desce,
Ele desce,
Ele desce,
Judô, Box Thailandês, o maninho se
acha o tal,
Treinava o ano inteiro para brigar
no carnaval,
Ele é forte, é raçudo,
Ele é grande, mais não é dois,
Se der certo na queixada a gente
come com arroz.
(REFRÃO)
Ele pode ser alto grande o que for,
panca no queixo ele desce
Ele desce,
Ele desce,
Ele desce,
Ele desce, (2x)
Cadê, cadê o homem?
Cadê?
Cadê o homem?
Cadê?
Cadê o homem?
Cadê?
Cadê, Cadê ? (2x)
Assim, encerro esse ensaio de carnaval, sem lavagem, mas com um desejo de que seja pensado o carnaval como uma festa de transgredir, uma festa que não existe se viver sob os olhos do Estado, mas nesse período, como foi no passado, é quando o estado se omite, o Estado se deixa zombar, se deixa carnavalizar.
domingo, 2 de agosto de 2015
Aliança luso congolesa do século XV
Aula sobre África 7º ano
(fund II)
Contar a história das
relações entre a Coroa de Portugal e o Reino do Congo, pedir aos alunos que
façam uma sequência em quadrinhos da história.
Primeiro passo – Com o
Mapa da África, mostrar as rotas das navegações portuguesas.
Segundo passo – contar a
história do texto do blog http://biclaranja.blogs.sapo.pt/descobertas-do-congo-de-angola-e-a-829734
Terceiro passo – contar a
história e pedir que os alunos acompanhem o texto. Acompanhar a história com as
imagens (postas em slides)
Quarto passo - em dupla,
ou sozinho, devem fazer uma história em quadrinhos da história.
Material:
Descobertas do Congo, de Angola e a atroz
colonização portuguesa
« [...] Naquele ano de
1482, por certo antes de Agosto, e possìvelmente na Primavera, Diogo Cão
partiu; deteve-se algum tempo, como era lógico..., na feitoria da Mina.
Retomando a viagem e ultrapassado aquele cabo [o de Santa Catarina], prolongou
o reconhecimento da costa até um pouco a sul do cabo do Lobo ou Santo
Agostinho, actualmente cabo de Santa Maria .... Dentre suas descobertas avulta
o Rio Poderoso, nome com que primeiro se designou um dos maiores rios do
continente africano, o rio do Zaire.
Aplicando o método hagiológico, que
relaciona os nomes de santos com a data da festa respectiva no calendário, pode
rastrear-se o ritmo da viagem. Supõe Damião Peres, reportando-se ao padrão de
S. Jorge, que o estuário do Zaire tenha sido visitado em 23 de Abril de 1483, e
o cabo do Lobo também chamado de Santo Agostinho e assinalado de igual forma, a
28 de Agosto daquele ano.
Facto da maior importância: Diogo Cão trouxe
na torna viagem alguns indígenas congoleses, recolhidos no estuário do Zaire, e
a notícia de que para o interior, cortado pelo curso desse rio, existia um
grande reino, a cujo chefe ele enviara emissários com um presente. Iniciava-se
assim o descobrimento humano e duma vasta comunidade de cultura, sobre que iam
assentar os fundamentos da província portuguesa de Angola.
Obedecendo a novo mandado do monarca, Diogo
Cão partia em 1485 para outra viagem de descobrimento, levando de retorno os
quatro indígenas congoleses que, na foz do Zaire, trocou pelos emissários
portugueses que ali deixara. Uns e outros se haviam mutuado o conhecimento das
línguas próprias; continuava-se a prática, iniciada em tempo do Infante D.
Henrique, da formação dos intérpretes, que permitiam um contacto mais íntimo
entre descobridores e os aborígenes. Continuando a viagem, por mais 1400
quilómetros, Diogo Cão percorreu os litorais africanos da actual província de
Angola, já em parte explorada durante a viagem anterior, e penetrou ...
Damaralândia até ao lugar da costa...
...Diogo Cão, no regresso,
fora visitar o rei do Congo à sua corte, o rei do Congo recebeu com o maior
alvoroço a embaixada portuguesa e os quatro congoleses que regressavam de
Portugal, e em troca mandou a el-rei por embaixador Caçuta [...], homem muito
principal e a ele mui aceite, que depois de ser cristão, houve nome D. João da
Silva [...], o qual trouxe a el-rei [D. João II] um presente de muitos dentes
de elefantes e coisas de marfim lavradas, muitos panos de palma bem tecidos e
com finas cores. ...os quatro congoleses, agora bem vestidos e contando
maravilhas sobre o tratamento recebido e o novo mundo de cultura entrevisto em
Portugal, o rei do Congo mandou pedir a D. João II que lhe mandasse logo frades
e clérigos e todas as coisas necessárias para ele e os de seus reinos receberem
a água do baptismo; [...] pedreiros e carpinteiros [...] e também lavradores
para lhe amansarem bois e lhe ensinarem a aproveitar a terra e assim algumas
mulheres para ensinarem as de seu reino a amassar o pão, porque levaria muito
contentamento por amor dele que as coisas de seu reino se parecessem com as de
Portugal . O rei indígena enviou também alguns moços do seu reino para que em
Portugal aprendessem a língua, os costumes e a religião dos portugueses.»
domingo, 12 de julho de 2015
História é a opção pelas lágrimas
Estudar história não é uma questão de curiosidade sobre o passado, mas é uma decisão de chorar sobre o passado, solidarizar-se com os que sofreram. Mas por que com os que sofreram? Porque a história é a coletânia de mortes, de perdas, de desgaste. Tudo que se estuda da história é o que sobrou, restos mortais, objetos de mortos, edificações abandonadas.
História não é divertimento, mas quem opta por estudar a história é porque encontrou na vida o sentido de que tudo pelo que se busca não tem valor eterno. Tudo passa, tudo morre, tudo se vai ao ostracismo. Quem opta por história acredita que o presente e o futuro não são nada mais que a expectativa de um dia não mais ser; expectativa de um dia ser história. Ninguém que se entrega a história acredita no futuro eterno, mas acredita no passado eterno.
História é amor ao passado, é o desejo de levar aos vivos a realidade de que um dia seremos todos passado, por isso, não vamos nos iludir com o presente, expectar pelo futuro, mas vamos nos trancafiar em nossos mausoléus ornamentar-nos para o passado. O historiador é descrente em tudo que se chama fé, mas é crente em tudo que se chamou. Para o historiador o fato passado é sagrado, o mundo é um templo e que nós devemos a ele devoção em nossas cerimônias.
O historiador tem a reverência que outros religiosos não têm. A história é tratada como a religião do mais fundamentalista devoto. Obviamente, temos entre nós as nossas seitas, mas uma coisa é certa, somos todos adoradores do que se deixou, em nossas diferentes formas de rezar, apreciar, e louvar. Uns adoram as longas durações, outros as micro histórias.
A história nos leva ao começo, mas não ao começo de tudo, e sim ao começo que queremos. A história não nos diz o que passou, nós dizemos dela o que se passou. A história não é imóvel, mas nós a movemos como queremos, como os religiosos movem seus deuses. A história valoriza quem faz a história, quem a escreve, quem a registra. A história não se curva perante deuses, reis ou conquistadores, a história se revela em quem se deixou registrar, uma jovem medieval que morreu entre os milhares na peste, uma tribo guerreira que não se curvou perante Mexico-Tenochtitlan, uma criança yorubá que correu mais rápido para não ser lançada aos porões dos tumbeiros. A história também é deles, mesmo que não estejam em manuais acadêmicos, pelas histórias de outros fracassos sabemos que houve outras vitórias. História não nos diz o que poderemos ser, mas diz o que seremos.
História não é divertimento, mas quem opta por estudar a história é porque encontrou na vida o sentido de que tudo pelo que se busca não tem valor eterno. Tudo passa, tudo morre, tudo se vai ao ostracismo. Quem opta por história acredita que o presente e o futuro não são nada mais que a expectativa de um dia não mais ser; expectativa de um dia ser história. Ninguém que se entrega a história acredita no futuro eterno, mas acredita no passado eterno.
História é amor ao passado, é o desejo de levar aos vivos a realidade de que um dia seremos todos passado, por isso, não vamos nos iludir com o presente, expectar pelo futuro, mas vamos nos trancafiar em nossos mausoléus ornamentar-nos para o passado. O historiador é descrente em tudo que se chama fé, mas é crente em tudo que se chamou. Para o historiador o fato passado é sagrado, o mundo é um templo e que nós devemos a ele devoção em nossas cerimônias.
O historiador tem a reverência que outros religiosos não têm. A história é tratada como a religião do mais fundamentalista devoto. Obviamente, temos entre nós as nossas seitas, mas uma coisa é certa, somos todos adoradores do que se deixou, em nossas diferentes formas de rezar, apreciar, e louvar. Uns adoram as longas durações, outros as micro histórias.
A história nos leva ao começo, mas não ao começo de tudo, e sim ao começo que queremos. A história não nos diz o que passou, nós dizemos dela o que se passou. A história não é imóvel, mas nós a movemos como queremos, como os religiosos movem seus deuses. A história valoriza quem faz a história, quem a escreve, quem a registra. A história não se curva perante deuses, reis ou conquistadores, a história se revela em quem se deixou registrar, uma jovem medieval que morreu entre os milhares na peste, uma tribo guerreira que não se curvou perante Mexico-Tenochtitlan, uma criança yorubá que correu mais rápido para não ser lançada aos porões dos tumbeiros. A história também é deles, mesmo que não estejam em manuais acadêmicos, pelas histórias de outros fracassos sabemos que houve outras vitórias. História não nos diz o que poderemos ser, mas diz o que seremos.
terça-feira, 9 de junho de 2015
Questionário para a aula Império Napoleonico
https://www.youtube.com/watch?v=-CcY4t4yUWY
Assistam ao fime e respondam as seguintes questões
1 - Segundo Acerola, qual a lógica "deles" para ganhar muito?
2 - Quais contrastes são apresentados entre o Bairro da "ONG" do Acerola e a favela?
3 - Explique por que Acerola conseguiu explicar tão bem as guerras napoleônicas?
4 - Quando os atores dão depoimento da violência vivenciada, passa no jornal notícias sobre a guerra em Gaza. Qual relação há entre a briga no morro e a Faixa de Gaza?
Assistam ao fime e respondam as seguintes questões
1 - Segundo Acerola, qual a lógica "deles" para ganhar muito?
2 - Quais contrastes são apresentados entre o Bairro da "ONG" do Acerola e a favela?
3 - Explique por que Acerola conseguiu explicar tão bem as guerras napoleônicas?
4 - Quando os atores dão depoimento da violência vivenciada, passa no jornal notícias sobre a guerra em Gaza. Qual relação há entre a briga no morro e a Faixa de Gaza?
quarta-feira, 27 de maio de 2015
Tópicos das transições do feudalismo para o absolutismo
A Finalidade deste post é servir de base para fixar tópicos de elementos políticos econômicos e sociais desde a sociedade Feudal até o Estado Absolutista. Não se trata de algo exaustivo, mas algo meramente panorâmico.
Sociedade Feudal
Sociedade estamental
Clero
Senhores
Camponeses
Economia
Baseada no sistema de reciprocidade,
o camponês trabalha para o senhor e
lhe paga tributos pela concessão da terra
Relações feudo-vassálicas (marcadas
por cerimônias oficiais, os nobres (senhores) realizavam laços de compromisso,
proteção, serviço e conselhos)
Política
A maior força era a Igreja,
Os prelados (alto clero) mantinham o
controle do povo e inclusive dos reis.
Geografia
Não existia limites entre nações, os
limites estavam no âmbito do nascimento
O povo Franco, o povo Anglo, o povo
Normando, os laços de sangue eram mais determinantes que espaços geográficos.
Por exemplo, uma lei de um determinado povo valia para o povo e não para o local.
Ascensão da burguesia
A sociedade ganha nova configuração,
com o aumento das trocas, houve a necessidade de estabelecer valores comuns
entre os diferentes povos. Necessidade de surgir órgãos que guardassem o
dinheiro. Os espaços urbanos ganham um outro sentido, antes, o forte da
economia era nas relações de campo, com os burgueses temos as relações urbanas.
Ainda temos a divisão estamental
Clero
Nobres (senhores)
Camponeses / burguesia (trabalhador
urbano)
A economia ficava entre as relações
feudo-vassálicas e as trocas comerciais nas feiras.
Para adquirir produtos diferentes,
não bastava a reciprocidade com pessoas que compartilhavam da mesma cultura.
Agora era preciso ter metais (moedas) aceitas pelos mercadores.
Uma série de instituições foram
surgindo de acordo com as novas necessidades sociais
Os senhores feudais e cavaleiros
viviam de relações de reciprocidade, a burguesia vivia de comércio. Aos poucos
ficava financeiramente mais forte.
Surgem: Bancos, Guidas e corporações
de ofício (para os artesãos e burgueses garantirem o controle das produções e
negociações). Vão surgindo faculdades (Bolonha, Oxford, Coimbra) para melhor
preparar a sociedade burguesa. O estado, com força armada, leis e território.
Estado Absolutista
Há uma hibridez entre a sociedade
estamental e a sociedade de classe, coexiste:
Clero/nobres/camponeses e a classe
burguesa (que vem dos camponses, mas surgem como uma fonte de poder que compete
e toma espaço do nobre e da Igreja)
A nobreza tenta sobreviver fazendo
alianças matrimoniais com burgueses. Burgueses almejam uma imagem nobre com os
casamentos.
O Rei tem apoio da burguesia para obter poder
sobre grandes territórios, como Rei, ele tem a prerrogativa.
Papeis do rei absolutista:
Reunir uma corte que promova leis e
segurança.
As faculdades irão restaurar os
estudos das leis e resgatar o código de leis romano.
Os nobres irão compor cargos públicos
para administrar o Estado
A finalidade de todo esse aparato
será o desenvolvimento da burguesia nacional.
Um estado forte será um estado que
tem uma burguesia forte.
O Estado está formado, e ele se chama
PORTUGAL.
Para ter uma burguesia forte, a coroa
portuguesa precisa controlar o que tem mais valor na economia: Especiarias.
Quem controlar a comida, controla a força de trabalho e assim produz mais
riqueza.
Para controlar as especiarias,
Portugal precisa quebrar a rota do mediterrâneo sob o controle ítalo-árabe.
As faculdades portuguesas desenvolvem
estudos para navegar às Índias e comprar especiarias direto no produtor. Surge
o modelo mercantilista.
O Mercantilismo se sustenta por um Estado monárquico que promove um ambiente para os súditos do rei, refiro-me a classe burguesa, desenvolverem uma economia de mercado.
Um estado mercantilista precisa adquirir metais (ouro e prata)
O Estado precisa ter uma rede burocrática para melhor administrar todo a complexidade econômica, embora seja chamado de um Estado absolutista.
Esse mercantilismo precisa que os burgueses tenham uma fonte de matéria prima para produzir e competir com outros estados, ou fazer de outros estados os seus mercados consumidores.
Para essa fonte de matéria prima, os estados, sobretudo Portugal e Espanha conseguiram grandes terras, para extrair essa matéria, e monopolizar o comércio de certos produtos.
O mercantilismo europeu precisava, acima de tudo, de uma estrutura naval bem desenvolvida, pois suas colônias estavam longe do território europeu.
domingo, 10 de maio de 2015
Revolução francesa - Aula
Preparamos uma aula dinâmica (literalmente)
1ª fala, à entrada da sala
Explicar as condições da França:
Antecedentes da revolução
Na França ainda vigorava o
Sistema feudal nobitário, aquelas antigas castas de Clero, Nobres e Servos.
Acontecimentos diversos para ativar a revolução:
A queda da mortalidade infantil, embora uma coisa positiva, provocou o aumento populacional. Esse crescimento, juntamente com os altos impostos que a coroa cobrava e consolidava para o sistema feudal, acarretou um êxodo rural de desempregados do campo, que formaram uma outra camada de desempregados na cidade.
A queda da mortalidade infantil, embora uma coisa positiva, provocou o aumento populacional. Esse crescimento, juntamente com os altos impostos que a coroa cobrava e consolidava para o sistema feudal, acarretou um êxodo rural de desempregados do campo, que formaram uma outra camada de desempregados na cidade.
Somemos a isto:
1787 – A grande seca
1788 – As inundações
1789 – O inverno rigoroso
Impostos e dízimos chegam
a tomar 20% da produção do campo, e isto leva a alta do valor do trigo e na
cidade o pão encarece. Igreja também entrava no barco com suas pregações que incentivavam ao povo o comodismo e o pagamento dos valores estipulados.
O Governo, percebendo que a corda iria estourar, começa a pensar soluções, há uma série de mudanças nos ministérios das finanças, da segurança pensando formas de conter os ânimos, mas não consegue
criar uma solução real para o problema econômico.
Aliemos a isto, o governo monárquico gastar com o financiamento da guerra de independência das 13 Colônias (independência dos Estados Unidos da América), gastos com
soldados, recursos, somente para prejudicar seus inimigos ingleses.
Ministros promovem medidas
de redução de gastos, suprimir impostos, liberar circulação de produtos para
diminuir os preços, nada resolve, eles (nobres
togados, nobres dados como capazes de gerir a política) irão convocar os Estados Gerais. Representantes dos 3 grupos franceses do Antigo Regime: Clero, Nobres e 3º Estado (aldeões e burgueses).
O Rei Luis XVI convoca os Estados Gerais: 300 membros do clero, 300 nobres e 600 do 3º Estado.
Reunião começa em 05/05/1789, há 226 anos atrás, no palácio de Versalhes.Em 1789, os Estados Gerais entendem que os ministros do parlamento e o rei não têm capacidade de resolver os problemas da França. Reformas precisam ser feitas urgentemente, cortes de gastos, diminuição de impostos.
No antigo regime, sabemos
que o Clero e a nobreza votavam juntos contra o 3º Estado (burgueses e
camponeses). Um sustentava o outro. Mas agora, o clero se manifesta contra os gastos no Estado, talvez pelos valores do Evangelho, talvez pela preocupação de manter a paz, talvez pela interesse de se manter no poder. Mas agora, parte do Clero quer que a coroa promova mudanças mais justas para a nação e beneficie ao 3º Estado.
Podemos dizer, deste modo, que a
revolução começou a partir das elites, que querendo minimizar o problema falou de mudanças, não
esperava provocar uma revolução.
[Convocamos os alunos para uma outra sala, marchando, como os parisienses em direção a Versalhes.]
Conforme o cartaz acima, foi ouvido o discurso do Rei, Luis XVI, do ministro da justiça Barentin e do ministro de finanças Necker. Falas que não
agradaram ao 3º Estado.
23 de Junho - O 3º Estado não aceita a antiga
verificação dos poderes, votos por Estado. Alguns padres apoiam a causa. A forma de voto tinha de mudar, alguns pensam em voto por distrito, outros pensam em número de representantes, de uma forma ou de outra, a mudança favorecerá o 3º Estado que tinha burgueses em mais distritos e que tinha maior número de população.
Chegamos a Junho, o 3º
Estado protestou contra o direito consuetudinário, assim, a força real de lei
perde força. Esse direito era o modo feudal de governar, o Rei tinha direito de julgar por ser rei. Sua vontade poderia mudar, mas seria o que prevaleceria. Eles querem o poder para a Assembléia dos Estados, eles queriam o direito de promulgar leis. ELES QUEREM UMA CONSTITUIÇÃO!!!
A Revolução propriamente dita
Desesperado, Luis aceita a
convocação de uma assembleia constituinte,
...
...imediatamente ele perde o seu poder. Está iniciada, juridicamente, a REVOLUÇÃO.
...
...imediatamente ele perde o seu poder. Está iniciada, juridicamente, a REVOLUÇÃO.
Por voto de uma maioria, O
TERCEIRO ESTADO, é estabelecida a
ASSEMBLÉIA PARLAMENTAR CONSTITUÍNTE
ASSEMBLÉIA PARLAMENTAR CONSTITUÍNTE
Aos poucos, essa
assembleia vai se desenhando partidariamente.
3ª fala,
segundo quadro
[CONFIGURAÇÃO
DA ASSEMBLÉIA]
Não podemos definir
RIGOROSAMENTE a sociedade francesa em 1º (clero) 2º (nobres) e 3º (burgueses)
estados, sem observar os diferentes matizes, pois pelo que vimos acima, no
terceiro estado havia diversos partidos e grupos sociais.
Codeliers
|
Montanheses
|
Jacobinos
|
Pântano
|
Girondinos
|
Monarquistas
|
|
lutava
por uma igualdade social radical, reformas agrárias.
|
Descaram-se
nas jornadas de 1792 e 93.
|
jacobinos
radicais, que defendiam a aliança com a “sans-culottes”.
|
burguesia
e a nobreza, o progressivo radicalismo dos seus partidários leva à cisão
política.
|
deputados
que ora a Gironda, ora os Jacobinos, e participaram diretamente da reação
thermidoriana
|
Burgueses
moderados quanto as massas populares na revolução.
|
Nobreza
que eram adeptos do fim da revolução e volta plena do Antigo Regime.
|
Entre a
ESQUERDA havia nobres e clérigos, entre os burgueses, a direita, havia os que apoiavam o
absolutismo parlamentar e os que literalmente eram os vira-casaca (no centro).
As cores vermelhas eram relacionadas ao trabalhador e o seu sangue derramado. A coincidência com as cores da bandeira da França atual é casual, o azul não representava conservadores (embora a antiga bandeira dos Bourbon fosse azul.)
As cores vermelhas eram relacionadas ao trabalhador e o seu sangue derramado. A coincidência com as cores da bandeira da França atual é casual, o azul não representava conservadores (embora a antiga bandeira dos Bourbon fosse azul.)
12 de julho, o pão chega
em valores assustadores, se desencadeou uma série de roubos, assaltos, um surto
de violência tomou conta de Paris. O povo não aguenta mais esperar por soluções, a baderna é a solução para quem quer ver mudanças.
A Tomada da Bastilha
Veja pelos mapas, as distâncias percorridas pelo povo, de um lado ao outro para tomar as armas, libertar presos políticos e derrubar o Antigo Regime.
Veja pelos mapas, as distâncias percorridas pelo povo, de um lado ao outro para tomar as armas, libertar presos políticos e derrubar o Antigo Regime.
A população invade o quartel Desvalides, toma as armas do local, cruza a cidade (sentido OESTE-LESTE) para invadir a bastilha. Ali havia um número maior de armas, e os verdadeiros e poderosos inimigos do rei.
A Bastilha caiu!!!
14 de julho, o povo invade
o Invalides e rouba armas, marcham rumo a Bastilha, ali esperam obter mais
armas. A Bastilha era um símbolo do controle real sobre os seus opositores.
A BASTILHA CAIUEstamos vivendo o período
do GRANDE MEDO
[trailer de assassins` creed]
São pouco mais 1000
pessoas envolvidas na tomada da bastilha, a REVOLUÇÃO segue crescendo, e em descontrole, mas um ponto comum entre os revolucionários na hora de pensar a justiça é que o
assassinato patriótico é perdoado, outros crimes sofreriam punição.
4 de Agosto, a Assembleia
está reunida para pensar como terminar essa revolta. Os membros do 3º Estado estão preocupados com o que seus populares estão fazendo. Os políticos, burgueses em geral, queriam somente uma mudança de poder. Nada tão forte. Estabelecer, como na Inglaterra, os direitos da Burguesia, tomar o máximo de controle, realizando o mínimo de mudanças sociais. Mas escancarada a porteira, rompida a barragem, a Revolução tomava rumos inesperados.
A reunião da Assembléia entra noite a
dentro e decide por suprimir totalmente os direitos feudais. Está encerrado o
antigo regime, que vinha desde a Baixa Idade Média agonizando e ao mesmo tempo
atrasando o desenvolvimento da acumulação de capital burguesa. Um passo que poderia conter os brios de populares que estavam cansados do feudalismo.
Detonado o poder dos nobres, cai junto o modelo político econômico chamado de Mercantilismo, que mesmo que beneficiador da burguesia, ainda mantinha o rei e a corte (nobres togados) como máquina administrativa, como um estado que ofereciam infraestrutura para o desenvolvimento do
capital burguês, que em seguida irá se desenvolver em capitalismo comercial. - O objetivo da Burguesia era, com sua força consolidada, cortar vínculos com a nobreza, tomar as rédeas do poder e se assentar nas cadeiras administrativas, descartando os nobres.
[O capitalismo é um
sistema cruel, uma espécie de praga ou vírus que usa o sistema político em que se
está exposto, o usa e o desgasta ao ponto de exaurir toda sua força. E quando precisa, descarta, arranja outra forma de poder, se reinventa. O homem cria o capitalismo, mas ele cresce como uma força sobrenatural que não se permite dominar. O capitalismo toma as pessoas para si, as usa, as destrói, em seguida, toma outras, e assim vai.]
22 dias depois, dia 26/08
define-se a Declaração dos direitos do homem e do cidadão.
Dois meses depois, aos
10/10 de 1789, Joseph Gillotin criou uma maquina para punir os traidores e
criminosos (será bastante usada durante o terror).
5ª fala, quadros da
guilhotina e direitos do homem
Para nossa sociedade, parece um pouco contraditório, um instrumento como a Guilhotina, um governo chamado de terror, um período de GRANDE MEDO, e ao mesmo tempo, um documento como a Declaração dos Direitos do Homem e do cidadão. Mas isso é "contraditório" porque achamos que as cosias precisam ser romantizadas, que a Declaração é um símbolo de bondade, mas que na verdade, é um símbolo de preservação de valores burgueses. Para aqueles franceses, a guilhotina era um modo de punir todos igualmente, na mesma posição, com o mínimo de dor possivel.
“Os representantes do povo
francês, reunidos em Assembleia Nacional, tendo em vista que a ignorância, o
esquecimento ou o desprezo dos direitos do homem são as únicas causas dos males
públicos e da corrupção dos Governos, resolveram declarar solenemente os
direitos naturais, inalienáveis e sagrados do homem, a fim de que esta
declaração, sempre presente em todos os membros do corpo social, lhes lembre
permanentemente seus direitos e seus deveres; a fim de que os atos do Poder
Legislativo e do Poder Executivo, podendo ser a qualquer momento comparados com
a finalidade de toda a instituição política, sejam por isso mais respeitados; a
fim de que as reivindicações dos cidadãos, doravante fundadas em princípios
simples e incontestáveis, se dirijam sempre à conservação da Constituição e à
felicidade geral.
Em razão disto, a Assembleia
Nacional reconhece e declara, na presença e sob a égide do Ser Supremo, os
seguintes direitos do homem e do cidadão:
Art.1º. Os homens nascem e
são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundamentar-se
na utilidade comum.
Art. 2º. A finalidade de
toda associação política é a conservação dos direitos naturais e
imprescritíveis do homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade a
segurança e a resistência à opressão.
Art. 3º. O princípio de
toda a soberania reside, essencialmente, na nação. Nenhuma operação, nenhum
indivíduo pode exercer autoridade que dela não emane expressamente.
Art. 4º. A liberdade
consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próximo. Assim, o exercício
dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão aqueles que
asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes
limites apenas podem ser determinados pela lei.
Art. 5º. A lei não proíbe
senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que não é vedado pela lei não pode ser
obstado e ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não ordene.
Art. 6º. A lei é a
expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de concorrer,
pessoalmente ou através de mandatários, para a sua formação. Ela deve ser a
mesma para todos, seja para proteger, seja para punir. Todos os cidadãos são
iguais a seus olhos e igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e
empregos públicos, segundo a sua capacidade e sem outra distinção que não seja
a das suas virtudes e dos seus talentos.
Art. 7º. Ninguém pode ser
acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela lei e de acordo com
as formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem, executam ou mandam
executar ordens arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer cidadão convocado
ou detido em virtude da lei deve obedecer imediatamente, caso contrário
torna-se culpado de resistência.
Art. 8º. A lei apenas deve
estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias e ninguém pode ser punido
senão por força de uma lei estabelecida e promulgada antes do delito e
legalmente aplicada.
Art. 9º. Todo acusado é
considerado inocente até ser declarado culpado e, se julgar indispensável
prendê-lo, todo o rigor desnecessário à guarda da sua pessoa deverá ser
severamente reprimido pela lei.
Art. 10º. Ninguém pode ser
molestado por suas opiniões, incluindo opiniões religiosas, desde que sua
manifestação não perturbe a ordem pública estabelecida pela lei.
Art. 11º. A livre
comunicação das idéias e das opiniões é um dos mais preciosos direitos do
homem. Todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente,
respondendo, todavia, pelos abusos desta liberdade nos termos previstos na lei.
Art. 12º. A garantia dos
direitos do homem e do cidadão necessita de uma força pública. Esta força é,
pois, instituída para fruição por todos, e não para utilidade particular
daqueles a quem é confiada.
Art. 13º. Para a
manutenção da força pública e para as despesas de administração é indispensável
uma contribuição comum que deve ser dividida entre os cidadãos de acordo com
suas possibilidades.
Art. 14º. Todos os
cidadãos têm direito de verificar, por si ou pelos seus representantes, da
necessidade da contribuição pública, de consenti-la livremente, de observar o
seu emprego e de lhe fixar a repartição, a coleta, a cobrança e a duração.
Art. 15º. A sociedade tem
o direito de pedir contas a todo agente público pela sua administração.
Art. 16.º A sociedade em
que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a separação
dos poderes não tem Constituição.
Art. 17.º Como a
propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém dela pode ser privado, a
não ser quando a necessidade pública legalmente comprovada o exigir e sob
condição de justa e prévia indenização.”
2 de novembro de 1789, Dia
de Finados, a Igreja perde seus bens.
19 de junho de 1790, é
decidido que os título de nobreza estão extintos. Aos poucos o mundo que se
conhecia, feudalismo, reis, duques etc. vai ficando para trás.
Novos ares, novos ideais
vão surgindo. É a República, é o progresso. É a vitória burguesa!
[LIBERDADE OU MORTE]
Revolução francesa negra
6ª fala, revolução Haitiana
[REVOLUÇÃO HAITIANA]
22 de agosto de 1791 a
Franca entre numa crise colonial, sua colônia no Caribe, Santo Domingo, realizou
uma revolução escrava, chamada também de revolução francesa negra.
Liderados por um escravo
Toussaint, eles geram uma tremenda confusão, pois embora o mundo revolucionário francês ansiasse por mudanças, por república, eles não sabiam o que fazer com esses escravos,
esses negros diferentes que também queriam sair debaixo do poder de um Estado nobre absolutista mercantil.
Será que as mentes
revolucionárias francesas eram tão revolucionárias assim? Aceitariam abrir mão de lucros
gerados com escravos em sua colônia? Mas agora era tarde, a Colônia de Santo Domingo matou os brancos e negros inimigos, escravizou a outros, mudou as ordens, se proclamou independente. Criou no mundo colonial americano o medo do haitianismo.
Voltando à França, aos13 de setembro de 1791 uma
Constituição foi promulgada. Eis suas principais decisões:
·
Igualdade jurídica entre os indivíduos
·
Fim dos privilégios do clero e nobreza
·
Liberdade de produção e de comércio (sem a interferência do
estado)
·
Proibição de greves
·
Liberdade de crença
·
Separação do estado da Igreja
·
Nacionalização dos bens do clero
·
Três poderes criados (Legislativo, Executivo e Judiciário)
Há de se questionar a
capacidade administrativa de Luis XVI, em 1792 ele demite seu ministério de
nobres, e convoca um novo ministério com linhas jacobinas.
Regime do Terror
Vai começar o TERROR
7ª fala, vídeo Uprising
[TRAILER REVOLUÇÃO FRANCESA UPRISING]
Ainda falta muito para garantir mudanças, les assim achavam. Mesmo sem direitos oficiais, o rei representa um poder sombrio. Ele tem que partir... deste mundo. Versalhes fica a 16km de Paris, o povo está armado, o povo está com sede de vingança, o povo quer a cabeça do rei... e da rainha.
Sim, o nome é Período do TERROR, os Jacobinos, liderados por Danton e Robespierre, vão perseguir, até a morte, os opositores da revolução, até dentre eles mesmos.
Sim, o nome é Período do TERROR, os Jacobinos, liderados por Danton e Robespierre, vão perseguir, até a morte, os opositores da revolução, até dentre eles mesmos.
A Assembléia vai se
dividindo nos seus partidos, e uns vão acusando os outros. Os Girondinos acusam
os líderes Montanheses (ligados aos jacobinos) de querer dar um golpe. Os
Jacobinos acusam os Girondinos de querer favorecer somente aos burgueses.
...Ele vai morrer.
2 de setembro de 1792,
Danton, um jacobino, ordenou a morte de 1200 monarquistas, que já se encontravam
presos. Neste mesmo mês, dia 21, cria-se a CONVENÇÃO para servir de órgão
administrativo. Praticamente dominado pelos Jacobinos.
O POVO VAI PERCORRER QUASE 20 KM DE PARIS ATÉ VERSALHES... ELES QUEREM O REI!!!
O POVO VAI PERCORRER QUASE 20 KM DE PARIS ATÉ VERSALHES... ELES QUEREM O REI!!!
Em 11 de dezembro de 1792
o rei vai se defender e dizer porque ele não deve morrer. Fracassa, não
convenceu, e por 426 votos a favor e 278 votos contra, Luis vai perder a cabeça,
e com ele dona Maria Antonieta.
8ª fala, execução dos reis
[EXECUÇÃO DOS REIS]
“Tudo pertence a pátria, enquanto a pátria
estiver em perigo” inclusive o direito de matar, teria dito Danton para justificar as mortes.
Estima-se um número de 40
mil mortos em toda revolução, dos quais, mais de 17 mil foram mortos somente
pelo regime do Terror.
Ao final, em 1795, os líderes
do Terror são acusados pelo próprio tribunal o “Comitê da Salvação pública”, e
terminam por ir a Guilhotina. – Dela já eram íntimos, puxaram a corda para
vários de seus amigos (e inimigos, claro).
O Terror também é um marco
de um novo regime, de 22 de setembro de 1792 é proclamada a República da
França. – Aqui inicia o primeiro dia de uma NOVA ERA na França. Depois, ele
será chamado de 1º dia de Vendimário do ano I (não mais se seguirá o calendário
gregoriano, o nosso calendário).
O Terror não deve ser
visto como um período negativo, apesar do nome, pois com esse regime, a França
conseguiu conquistas que serão importantes a todo mundo ocidental:
·
Direito de rebelião
·
Continha uma declaração de que o objetivo do governo era o
bem comum e a felicidade de todos.
As monarquias da Europa
não ficaram paradas, elas sabem que a Revolução Francesa, após matar o rei, era
só uma questão de tempo até que sacudisse toda Europa, Holanda, Áustria,
Prússia, Espanha, Inglaterra, Italianos, alemães se unem para destruir essa
nova República.
No Regime do Terror, os
fracassos militares contra as nações monarquistas definia as mudanças de poder
entre os girondinos e os montanheses-jacobinos.
Estabelece que a República
é a República Revolucionária. Morrerá todo aquele que trair o povo, ou seja,
todos que são a favor da monarquia. Todos que são soldados inimigos.
Durante o Regime do
Terror, Danton, um dos líderes montanheses, acredita que devem afrouxar a
perseguição. Robespierre e seus aliados têm essa opinião como de caráter
anti-revolucionário.
O Terror contra a história
que lembra o passado. Até o calendário vai mudar. Aos 5 de outubro de 1793,
será posto o calendário republicano. Contudo, para não errar as continhas, devemos
lembrar que dia 5 de outubro de 93 foi o dia que o calendário foi inventado.
Mas o dia 1º de Vendimário do ano I é o dia 22 de setembro de 1792.
9ª fala, falar do
calendário
Estação do ano
|
Mês republicano
|
calendário gregoriano
|
Outono
|
Vindimarie
|
22/09 - 21/10
|
Brumárie
|
22/10 – 20/11
|
|
Frimárie
|
21/11 – 20/12
|
|
Inverno
|
Nivose
|
21/12 – 19/01
|
Pluviôse
|
20/01 – 18/02
|
|
Ventôse
|
19/02 – 20/03
|
|
Primavera
|
Germinal
|
21/03 – 19/04
|
Floreal
|
20/04 – 19/05
|
|
Prairial
|
20/05 – 18/06
|
|
Verão
|
Messidor
|
19/06 – 18/07
|
Thermidor
|
18/07 – 17/08
|
|
Frutidor
|
18/08 – 21/09
|
Nomes do dias da semana:
primidi
|
duodi
|
tridi
|
quartidi
|
quintidi
|
sextidi
|
septidi
|
octidi
|
Nonidi
|
Decadi
|
Por isso, hoje estamos no dia da semana QUINTIDI, 15 do Floreal de 223 da Revolução Francesa. (05/05/2015)
Veja como se contará as
datas para a República francesa:
Domingos, sábados e
feriados serão todos abolidos.
O mês será de 30 dias com
3 semanas de 10 dias.
Para corrigir a lacuna do
calendário, de 4 em 4 anos haverá a celebração de 5 dias sobre a revolução.
23 de novembro de 1793, há
um ataque em massa contra a Igreja, padres franceses ou não são assassinados,
igrejas são vandalizadas.
5 de abril de 1794, Danton
e seus aliados são executados. Saint-Just afirma que a Revolução está
congelada, um período de total desordem, os patriotas sendo executados por
outros patriotas, ninguém mais confia em ninguém.
Era Robespierre que tentaria parar essa desordem.
Robespierre era a resposta dessa loucura. Ele passou a mandar na República. Os
montanheses-jacobinos estão brigando internamente, e como já foi dito: “uma casa
dividida não se sustenta”(Jesus Cristo).
Em 1794, 8 de junho.
Robespierre, exercendo um papel de tirano, impõe como nova religião do Supremo
Ser, na Catedral de Notre Dame eles mudam o altar cristão por um altar com o
nome “Para a Filosofia”. Mas não dura nem um ano, a população não deu apoio. O povo não queria mudar a fé, o povo queria trabalho e pão.
Reação termidoriana
Então... Nos parece que
Robespierre não é muito esperto. Aos poucos ele elimina seus possíveis
protetores, os que vão restando, vão se colocando contra ele. Dia 9 do
Thermidor do ano II a Assembléia acusou Robespierre de traição e o matou.
[Como entender isto? Quem
matou quem? O Terror foi um período em que os jacobinos estavam no poder. Mas
eles mesmos, com o seu zelo ideológico e gostos pessoais acabaram se
enfraquecendo ao matarem seus aliados. Os governos democráticos não têm paz, eles estão cercados de pessoas com interesses pessoais, acordos para se manter no poder, isso mina o próprio governo.]
Os Girondinos se fortalecem com a matança interna dos jacobinos, e aqui
destacamos que eles contavam com a chamada alta burguesia, ou seja, uma camada
mais rica da burguesia (3º Estado). Este grupo queria a mudança daquele Antigo
Regime, pois o mesmo impedia o desenvolvimento pleno do capital. Por isso, eles
deram todo apoio à Revolução. Contudo, se opunham aos jacobinos e montanheses
por terem mais adesão popular, por adotarem uma linha mais radical de
repartição de terras.
Os Girondinos precisavam
garantir que os seus objetivos na revolução não seriam abalados, a Revolução
deveria parar na fase de abolição do Antigo Regime, e não desenvolver uma
revolução radical de cunho igualitário, ou como será chamado depois,
socialista utópico.
É preciso parar a
Revolução! Já deu o que tinha que dar. Os burgueses eliminaram os inimigos
nobres, agora tomariam o seu lugar, servos virariam camponeses empregados assalariados nas
terras dos burgueses, ou operários nas
oficinas urbanas, também dos burgueses. Impostuos continuariam a ser pagos, para um Estado que desenvolveria obras para o melhor progresso do capital. O monstro sobrenatural, o CAPITALISMO tomou as rédeas, tudo voltará ao equilíbrio, uns sobre os outros, o poder para desenvolver economia, mesmo que a custo do bem social.
Havendo continuidade da
Revolução, do Terror, a corda iria romper nos girondinos. Eles tinham de parar o movimento jacobino, o terror tem que acabar. O papel da Revolução
Francesa era eliminar os inimigos do povo, mas vai acabar eliminando os inimigos da burguesia.
Os antigos inimigos, os dono do ANTIGO REGIME:
1-Senhores Feudais (nobres, rei) – se apoderavam das pessoas como seus servos, as aprisionavam por laços de fidelidade, e elas não sairiam dessa situação. Eliminados!
2-Igreja – se apoderava das
mentes, garantia a entrada das pessoas no céu, desde que entregassem seus bens
e confiassem na Igreja. Eliminada!
Os novos DONOS DO PODER:
Burgueses – Seriam os donos dos meios de produção, para comer, o cidadão deveria se vender pelo salário que lhe fosse imposto.
Burgueses – Seriam os donos dos meios de produção, para comer, o cidadão deveria se vender pelo salário que lhe fosse imposto.
27 de julho de 1794 - O
Terror chega ao fim quando, após matar todos os seus inimigos e aliados, e por estas mesmas leis, Robespierre foi preso e guilhotinado também. Esse episódio será
conhecido como a REAÇÃO TERMIDORIANA, por ter ocorrido no dia 9 do Termidor.
Será iniciada uma caça aos
terroristas (para quem aqui lembrar do Bush, não há nada novo debaixo do céu.),
os jacobinos são extintos como partido político. Os Girondinos precisam
restaurar a economia francesa.
Lembre, os problemas financeiros, gastos, luxo da nobreza, abusos de impostos feudais e eclesiásticos, crises agrárias foram os motivos da Revolução. Os Burgueses girondinos queriam resolver ESSE problema. Agora punição para quem pensou demais, morte para quem quis destruir todo o sistema de capital. O mais importante para o homem burguês é a beleza da riqueza financeira. Quem pensa em matar o capital para construir um mundo socialista TEM que morrer.
Lembre, os problemas financeiros, gastos, luxo da nobreza, abusos de impostos feudais e eclesiásticos, crises agrárias foram os motivos da Revolução. Os Burgueses girondinos queriam resolver ESSE problema. Agora punição para quem pensou demais, morte para quem quis destruir todo o sistema de capital. O mais importante para o homem burguês é a beleza da riqueza financeira. Quem pensa em matar o capital para construir um mundo socialista TEM que morrer.
O Diretório
Um dos pontos dos
girondinos é diminuir o número de pessoas nas decisões (democracia só serve quando ela serve o capital), a CONVENÇÃO e abolida e
é instituído o DIRETÓRIO, formado por 5 pessoas apenas, basicamente Girondinos.
Este Diretório criou uma
nova Constituição, feita para manter a burguesia no controle e os radicais
afastados. Um dos seus pontos era que para ter assento nos órgãos de poder
político deveria ter uma renda alta, impossível para a maioria da população.
Além de proibir
manifestações populares. A justificativa era que as manifestações, por mais
justas, atrapalham o ir e vir de cidadãos. Hoje não é muito diferente. As
manifestações que tomam as ruas e rodovias são vistas como baderneiros que
estão atrapalhando os cidadãos de bem (cidadãos de bem entenda-se pessoas que seguem as regras sem questionar o desenvolvimento financeiro, apenas questiona-se os sonhadores sociais).
Veja bem a situação; uma
revolução não se programa, não se cria, ela se desenvolve de acordo com as
circunstâncias em que se encontra. Podemos pensar que Revolução é um órgão
acéfalo. Assim, seu final também não pode ser programado. O que ocorreu para o
fim de uma revolução é a estabilidade natural dela mesma. O que os Girondinos
estavam tentando fazer era inventar um fim. e se manter no poder – Irão dar um tiro no pé. – Napoleão que o diga!!! Uns gostarão, outros
não.
O período do Diretório
continua, mas as soluções financeiras não são resolvidas. Graecius Babeuf, um
sans-culotte radical desenvolve ideias chamadas por Karl Marx de Socialismo
utópico. É preso e guilhotinado. Perceba que não é só o TERRORISTA que mata,
mas quem diz que é contra o TERRORISMO também. Abaixo a famosa morte de Marat, outro jacobino perseguido pelo próprio regime.
O Diretório vai durar
bastante, uns 4 anos. Para a República, o Diretório funcionará mais como uma
ditadura. Destaquemos que nesse período, no ano de 1796 um militar jacobino,
antigo amigo de Robespierre, obtém uma série de sucessos nas batalhas em nome
da Revolução... o nome dele, Napoleão.
Ah! Um dos pontos fundamentais da Revolução era, conforme temia as monarquias vizinhas, espalhar a ideologia de fim do Antigo Regime por toda a Europa. Um líder francês que se deu bem nisto, foi Napoleão Bonaparte.
Ah! Um dos pontos fundamentais da Revolução era, conforme temia as monarquias vizinhas, espalhar a ideologia de fim do Antigo Regime por toda a Europa. Um líder francês que se deu bem nisto, foi Napoleão Bonaparte.
No 18 de Brumário do ano
VIII, Napoleão, embora jacobino, é posto como Consul da França em um golpe para os
burgueses. Consolidando a Revolução Francesa como uma revolução burguesa, pois
ao final, basicamente foram garantidos os direitos da burguesia, e manutenção
classe trabalhadora sob o seu controle.
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